segunda-feira, 30 de abril de 2012

ESQUECIMENTO

A luz que nasceu na estrela
Fez com que os dois se encontrassem.
Olharam-se com o coração
E envolvidos foram pelos sentidos.
Sonharam, bailaram, nadaram nas ondas mais brancas.
Construíram, pouco a pouco, o lindo castelo
Que passaram a habitar unidos pelo riso sincero e íntimo.
Passaram-se os dias e a necessidade crescia
Dependentes, bebiam-se em longas doses diárias.
Queriam-se com força e determinação.
No afã da entrega esqueceram-se:
Que o castelo era de areia
Que a vida não era só deles
Que os muitos compromissos lhes exigiam a presença
Que as distâncias eram proibitivas
Que as coisas não eram fáceis.
E o principal:
Que sonhos são para serem sonhados
Mas a realidade é que deve ser vivida.
Ainda choram com o choque...

domingo, 29 de abril de 2012

GEMIDOS

Ais
Olhares
Uis
Beijos
Ais e uis
Tesão
Uis e ais
Toques
Ais, ais, uis e uis
Entregas
Uis, uis, ais e ais
Prazeres
Ais, uis, ais e uis
Suores
Uis, ais, uis e ais
Excitação
Aiiiiiis
Uiiiiiis
Loucura
Uiiiiiis
Aiiiiiis
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sábado, 28 de abril de 2012

SONÂMBULOS

Viviam lado a lado.
Ela sempre comportada, regrada.
Ele, sem maiores preocupações.
Cumprimentavam-se todas as manhãs
E seguiam o seu rumo.
Passavam o dia sem se ver,
Cada qual no seu cotidiano.
Chegavam pontualmente na mesma hora.
Davam-se "boas noites" e se recolhiam
Aos respectivos apartamentos.
Ela deitava-se e olhava o teto em silêncio.
Ele ligava a música e pegava uma bebida.
Ela tentava dormir para não escutar.
Ele ouvia a melodia para sonhar.
Ela chorava de mansinho o perdido
Ele viajava no por conseguir.
Dormiram.
No sono profundo, levantaram-se.
Abriram a janela dos quartos
No mesmo instante.
Olharam-se para ganhar coragem,
Ou para não perder o hábito do cumprimento.
Ela pulou para poder voltar acreditar
Ele pulou para poder parar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

TRILHAS

Havia desistido de entender há algum tempo.
Vivia intensamente o túnel que surgia quando abria a porta todos os dias.
Havia manhãs que acordava e o caminho era colorido.
Deliciava-se com as cores e deixava-se invadir pelas luzes e belezas.
Havia outras, em que a trilha do outro lado da porta era negra.
Defendia-se como podia dos relâmpagos e da chuva torrencial.
Alguns dias o percurso era claro, porém ausente e o silêncio era seu companheiro.
Outros, o que se apresentava era uma incrível mistura de tudo ao mesmo tempo.
Havia desistido de entender há algum tempo.
Apenas vivia
Um dia deveria ter algumas respostas
Mas se estas não viessem, não se importava.
Queria apenas ter o direito de seguir, sem maiores compromissos. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PREVISÍVEL

Cem por cento previsível.
Quando percebia que a provocação lhe olhava nos olhos
Desviava da rota, retrocedia ou simplesmente embirrava declarando:
"Não quero mais!"
Que pena!
Perderam os dois.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

INCONVENIENTE

Nunca tive a pretensão de buscar a felicidade.
Ela, intrometida, veio e bateu na minha porta.
Entrou e acomodou-se no sofá da sala de estar.
Já fiz de tudo para que se decepcionasse comigo
E fosse embora ofendida.
Gritei, praguejei, fui mal educada.
Varri seus pés, desliguei a televisão, apaguei a luz.
Nada.
Segue lá, impassível, insistente.
Quando irá entender que não a quero?
Quando irá entender que sou poeta?

terça-feira, 24 de abril de 2012

FLAGRANTE

Pronto!
Fui flagrada!
Estava te espiando sim!
Agora fico assim,
Louca de vergonha,
Sem saber o que dizer,
Nem onde colocar as mãos...
Pronto!
Pode tripudiar!
Dizer que sabia que eu não estava sendo sincera,
Gritar que eu não consigo te esquecer!
Abrir as janelas e me expor ao mundo como fraca.
Tudo bem!
Eu não me importo.
Contando que feches tudo.
Venhas para junto de mim.
E me dês o mais longo e romântico beijo...
De despedida é claro!
Pois, depois disso, eu vou te esquecer,
Eu sei que vou!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

RECEITA

Bem, vamos lá!
Pitadas precisas
Na medida exata entre os dois dedos!
Comecemos!
Peguem o caldeirão.
Encham de água vertida da pedra.
Sim, assim, até a metade, bom.
Coloquem uma pitada de yin e uma pitada de yang
Uma de sorte, uma de azar.
Uma de pranto, uma de riso.
Uma de mel, uma de sal.
Uma de sedução, uma de pureza.
Uma de belo, uma de feio.
Uma de poluição, uma de ar puro.
Uma de guerra, uma de paz.
Mexa tudo bem. Mexa de novo. Mexa mais uma vez.
Leve ao fogo, bem alto, e deixe ferver três dias.
Ao final, deixe esfriar sob o clarão da lua
E aquecer novamente ao calor do sol.
Espere uma grande tempestade
E deixe que três descargas
Façam a beberragem borbulhar.
Após isso,
Aprume-se!
Beba tudo de um gole só.
Assim, rápido.
Pronto!
Agora deixa a cura por minha conta!
Infiltrada na tua corrente sanguínea,
Percorrerei todos os teus caminhos!
Relaxa e aproveita.
Serei na medida exata das tuas expectativas
E melhor,
Não tenho contraindicações.

domingo, 22 de abril de 2012

INVISÍVEL

Não sei por que esse olhar distante.
Olha. Olha para mim aqui. Aqui ao teu lado.
Não me vês, por acaso?
Sempre estive aqui.
Lembra das minhas mãos te acariciando?
Do meu regaço onde tantas vezes deitastes tua cabeça?
Por que agora ages assim , como se eu não existisse?

sábado, 21 de abril de 2012

DESISTÊNCIA

A memória desistiu de mim.
Afinal de que serve um presente morto
Para fatos que teimam em retornar?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

DESPEDIDA

Hoje choveu dentro de mim.
Um ciclo se fechou
E quando eu percebi
Já era muito tarde.
As nuvens não deixarão retornar o sol.
As pedras seguirão sendo pedras
E o homem seguirá sendo homem.
O encanto acabou.
Adeus Stoneman,
Sorte na nova caminhada
E, quem sabe, um café
No próximo renascer.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

PROCURA

O grito alto desfez-se no ar em inúmeras partículas.
A cena parou e a expectativa cresceu.
A câmera começou a procurar o alvo
Percorreu corredores, pátios, sótãos e porões.
Nada encontrou.
Novo grito alto desfazendo-se no ar em inúmeras partículas
Recomeçaram as buscas, novamente sem êxito.
Quantos gritos ainda seriam necessários para que
O encarcerado interior fosse descoberto?

quarta-feira, 18 de abril de 2012

NÃO

Não acredite em minhas palavras, são vãs.
Não acredite em meus gestos, são falsos.
Não acredite em meu olhar, é vago.
Não acredite em meu querer, é volúvel.
Não acredite em mim, sou um holograma.

terça-feira, 17 de abril de 2012

DESTINO

Cheia de maldade
E com incontáveis intenções,
Banhou-se na lava fervente.
Buscou os mais exóticos perfumes.
Caminhou até o leito suspenso nas brumas
E deitou-se borbulhante.
Esperou impaciente que ele chegasse.
Ao ouvir os leves passos
Perdidos em meio a névoa fez o catre baixar.
De um tropeço ele caiu sobre ela
Tendo sido, imediatamente, envolvido pelo corpo em fogo.
Sucumbiu aos gemidos de puro desespero,
Ansiando que aquele momento
Jamais findasse.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

PRESA

Quando eu te desejo é um desejo antropofágico
Quero comer-te aos bocados com sofreguidão.
Devorarei primeiro tua mente, teu sonho,
Para que não possas pensar em mais nada que não seja eu.
Depois, irei me deliciar com teu corpo, com calma e com vagar,
Sei que ele merece.
Aproveitarei cada arrepio, cada gota de suor, cada sabor
Com o toque lento e preciso da minha língua.
Mastigarei tudo com muito amor
E te deglutirei sem pressa até o final,
Pois deverás me manter satisfeita
Até que eu possa encontrar a minha próxima presa.

domingo, 15 de abril de 2012

DUALIDADE

Meus pensamentos ficam muito aquém da minha imaginação.
O que eu quero fica muito além das minhas palavras.
Do encontro do querer e da imaginação surge quem eu sou.
Já na união das palavras e dos pensamentos aparece quem eu devo ser.

sábado, 14 de abril de 2012

MAIS

No fundo negro ele surgiu.
Seus cabelos escuros e seus olhos pretos se confundiam com o cenário.
Discreto e silente, chamava pouca atenção.
Havia algo nele que a perturbava.
Uma energia tênue, mas constante, fazia com que ela sempre o notasse.
Em um grupo grande, seus olhos o procuravam.
Encontrando-o, se alojavam ali e ficavam, confortáveis.
Um dia, os olhos passaram a ser pouco.
Precisava de mais.
Aproximou-se dele e sentiu a onda de calor crescer.
Aproveitava a força que se desprendia do seu corpo e a invadia sem pressa.
Um dia, a força passou a ser pouca.
Precisava de mais.
Tocou-o com a ponta dos dedos, com a mão, com os braços
E foi feliz, porque o tinha muito perto.
Um dia, o toque passou a ser pouco.
Precisava de mais.
Beijou-o abraçando seu corpo e rolando na troca.
Entregaram-se sem barreiras e viveram sem limites
Aquilo que foi o mais surreal encontro das suas vidas.
Com a intensidade do único momento
Ainda pulsante nos corpos nus e suados,
Assustaram-se com o prazer obtido.
Fugiram, desorientados, em direções opostas.
Até que, ofegantes em um lugar qualquer tido por seguro,
Concluíram que não há como resistir brandamente
Ao choque de realidade
Causado por um sonho que se concretiza.
Entendido isso,
Um dia, um único sonho concretizado passou a ser pouco.
Precisavam de mais.
Iniciaram a fazer planos
Para um novo encontro.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

BOBAS

As lembranças fugiram.
Egoístas!
Sempre querendo reviver a todo instante.
Egocêntricas!
Não suportam quem as ache emboloradas e desprezíveis.
Vão! Vão embora!
Não preciso de vocês!
Quero acordar agora.
Buscar no armário o meu vestido mais branco
E, com toda a liberdade a que tenho direito,
Respirar fundo, olhar o horizonte
Lançando-me no espaço vazio
Em busca de novos olhares que possam me surpreender.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ESTRATÉGIA

Pensava em estratégias
Desenhava mapas
Planejava ataques.
Quando chegava a hora de por tudo em execução
Depunha as armas
E perdia a guerra.
Perdia?
Bem essa é uma questão de ponto de vista.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ATUAÇÃO

"Luz! Câmera! Ação!"
Gritou o estressado diretor.
O set em silêncio presenciou
O desespero e o choro que tomou conta dela.
Atuava com afinco.
Enternecia corações.
Que atriz!
"Corta!"
Excelente cena.
Todos, satisfeitos, foram almoçar.
O silêncio, que deveria tomar conta do ambiente,
Entrou apressado, mas não conseguiu se impor.
Não sabia o que fazer para que os soluços cessassem 
O choro compulsivo ainda não havia se retirado do centro do cenário
Estava ensaiando para melhorar ainda mais seu desempenho
Na próxima tomada.

terça-feira, 10 de abril de 2012

LEMBRETE

Deu um longo e romântico beijo no príncipe
E ele, imediatamente, virou um sapo.
Verde, gordo e feio.
Correu no seu caderninho de informações úteis
E anotou:
"Nunca mais beijar um sapo.
Ele pode se tornar um príncipe!"
Suspirou aliviada, dessa vez
Havia conseguido se livrar.
Olhou para frente
E seguiu o seu caminho,
Na direção oposta do riacho...
Só para garantir.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PROJETO

Olha bem para mim.
Vou te enlouquecer.
Delírios plenos, garanto.
Irás me maldizer?

A música cresce.
O corpo ondula.
Olhos seduzem
Lua estimula.

Queres meu corpo?
Em breve o terás
Espera um pouco
Logo saberás.

Danço para ti
O bailado das luzes
Junto todas as cores
Absorves e reluzes.

O contato é imediato
Teus olhos e minha imagem
Quero que me degustes com requintes
Aproveita, não é miragem!

E nos passos ritmados
Lá me vou feito vento
Envolver-te pouco a pouco
Em um cenário sonolento.

Adormeces aflito
Percebendo que algo haverá
Já te espero no sonho
Dorme logo, vem cá.

Enlaçando teu corpo
Atendo teu desejo secreto
Levo-te ao êxtase e me retiro
Dou por findo o meu projeto.

domingo, 8 de abril de 2012

AVISO

Um dia irás te surpreender.
Quando menos esperares
Já entrei e me alojei
No estranho quarto que chamas de cérebro.
Dali todos os dias partirei pela tua corrente sanguínea
E te aquecerei o corpo.
Dali todos os dias invadirei teu inconsciente
E te levarei ao mais doce delírio.
Dali todos os dias te ensinarei
O quanto posso me tornar imprescindível na tua vida.
Assim, cuidado.
Não permitas que eu me aproxime, pois se te descuidares
Saberei aproveitar tua distração.

sábado, 7 de abril de 2012

EU

Tenho conceitos próprios, muitas vezes desenquadrados do senso comum.
Vivo de acordo com os meus ditames de consciência e durmo tranquila.
Sou das opiniões firmes e brigo muito por elas, mas aceito discutir cada ponto.
Não tenho nenhum pudor de mudar de ideia, porque ideias evoluem.
Gosto de viver e ficarei muito incomodada na hora de morrer.
Acredito no que presencio, sinto, penso e provo.
Não me preocupo com o restante, até que isso seja imprescindível.
Venero a liberdade de escolhas e de palavras.
Sabe aquele tipo de gente que se ama ou se odeia?
Pois é, muito prazer.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

TRAÇADOS

Por um ato de extrema liberdade concordou em trilhar o caminho a seu lado.
À medida que andavam, em meio a sorrisos e surpresas, ele a ia enlaçando com fitas coloridas.
Flores também lhe foram ofertadas, ao longo do percurso, para adornarem-lhe os longos cabelos.
A estrada já não era mais tão nova, mas ainda guardava seus encantos.
Eles já não eram mais tão distraídos um com o outro, mas ainda tinham curiosidades mútuas.
O trilhar foi se tornando comum e, até um pouco, enfadonho.
As fitas perderam as cores e já pesavam em torno da sua cintura.
As flores murcharam e apodreceram nos seus cabelos sufocando os seus pensamentos.
Ela começou a percebê-lo distante, apesar de tão próximos.
Entendeu também que se assim o era, o mesmo ele deveria sentir.
Certo dia arriscou-se a sair sem que o corpo se movesse.
Foi e voltou, com êxito.
Dia seguinte foi mais distante. De novo conseguiu.
Compreendeu o básico. Por liberdade plena concordou em seguir aquele caminho
E com plena liberdade poderia deixá-lo.
No amanhecer seguinte acordou, despiu-se dos antigos adornos, deu-lhe um beijo na testa e partiu procurando novos traçados
Não via o momento de recomeçar sua vida de descobertas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

CARAS

O grito estridente e nada trágico chamou atenção do displicente grupo causando reações diversas.
A cara triste, sorriu.
A cara assustada, acalmou-se.
A cara gargalhante, chorou.
A cara desapontada, orgulhou-se.
A cara apaixonada, apagou.
A cara louca, curou-se
A cara séria, brincou.
A cara abatida, iluminou-se.
Diversas reações causadas pelo grupo displicente atenção chamaram do trágico e nada estridente grito
Que envergonhado recolheu-se para sempre à garganta sem rosto.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

SOFÁ

Em ambiente repleto de conhecidos ela ouviu a música. Imediatamente, foi sugada para outro espaço. Um local que todos desconheciam a não ser ela e ele. Jogado no branco lençol estendido sobre o sofá, ele já a aguardava. A música ali, tocava mais alto. Ela entrou às pressas e confusa, não imaginava que tudo se repetisse. Não acreditava em reprises. Ele sorriu e levantou-se. Tomou-a pela cintura e a enlaçou em um beijo, enquanto a despia dos medos, inseguranças e preconceitos. De onde estavam, ela ainda visualizava a cena anterior e continuava interagindo mecanicamente com todos. Entregou-se sobre o sofá. Mãos, pernas, braços, bocas e suores recompuseram a cena única passada no acelarado compasso dos que se desejam sem nada exigir. Acordou, no primeiro ambiente, com um sorriso bobo de satisfação e êxtase, quando alguém lhe perguntava, com a displicência das conversas vazias, se achava que iria chover mais tarde.

domingo, 1 de abril de 2012

DOMINGO

O dia está maravilhoso!
Vou passear até o Uruguai para me divertir nos free shops!
Haja cartão de crédito!
Volto de noite, porque amanhã tem trabalho!
Muitos beijos e aproveitem o domingo!
Gisa