Da pequena abertura surge ela
Capa negra até os pés
Cabelos cobertos por um capuz
Soa o saxofone um blues sentido
Com presença de cena,
O corpo faz-se sinuoso
Sob o escuro manto.
Aos poucos vislumbram-se os braços e mãos
A desatar a fita que prende no pescoço.
Cai a capa pesadamente ao chão.
Cabelos esvoaçantes
Vestido longo e rubro.
Bordados no mesmo tom
Conferem brilho à peça.
Luvas de cano alto, pretas
Destacam os movimentos lânguidos e ritmados
Vira-se de lado e começa a tirar as luvas
Joga primeira para o alto e a segunda para a plateia
Que atônita permanece em silêncio.
De costas abre a saia arremeçando-a para os bastidores.
Pernas longas, corpo curvilínio
Parece deitar para repousar
No som do instrumento que segue sua tarefa.
Em um jogo de dança despe a blusa
Ficando com o espartilho vermelho,
Meias de fina seda 7/8 e saltos muito altos
Desloca-se no espaço cênico
Ora de costas, ora de frente
Calmamente descalça os sapatos e desce as meias
Costuradas atrás das pernas e presas no espartilho.
Com toda a sensualidade pretendida
Abre um a um os botões do espartilho
Escondendo-se atrás do biombo
De voal transparente iluminado por trás
Surgido, ninguém sabe de onde, no canto do palco.
Lança as últimas peças para fora
E nua dança em seu abrigo coberto
Para encantar a todos com sua silhueta esguia.
Apagam-se as luzes
O sax para de soar
E nenhum outro movimento se pode sentir.
Quando voltam a acender as luzes
Ningém mais há no palco.
Soam o terceiro e derradeiro sinal,
O espetáculo está para começar.
Abrem-se as cortinas
No cenário pesado
A peça tem início
Como de costume.
A dúvida fica em relação ao inusitado prólogo
Que todos se lembram, mas ninguém ousa perguntar
Uma vez que nunca constou no programa,
Tampouco no script
Do teto, ela ainda sorri para todos
E desnuda embarca na primeira brisa
Rumo ao horizonte claro
De onde já se podiam ouvir
Os primeiros acordes
Do saxofone.
19 comentários:
Uau!!! Viajei até chegar o fim do poema... fiquei imaginando mil finais ... minha mente fervilhou rs
Mas gostei do seu final...
bjs meus
Oi, também gostei de ler e imaginar como se fosse real e o final foi legal, sim...aos primeiros acordes do saxofone, já se podiam ouvir...
Quanta imaginação, pra relatar esse poema.Beijos, amiga.
A sensualidade aflora neste poema.
Chega-se a escutar ao fundo o som do sax...
bjos
Surpreendente.
beijo.
El espectáculo va a comenzar..., como siempre.
El vestido debe ser rojo. Mientras, el saxo desgrana unas notas lánguidas y tristes.
Un abrazo, Gisa.
Notas musicais que se soltam nas palavras... bonito :) Beijo
Presque un strip-tease des notes de musique. Ce n'est qu'à la fin qu'on découvre le héros.
Bravo, Gisa!
Gisa
Excelente!!! Gostei muito da tua
sensibilidade que descreves este strip-tease.
Beijinho e uma flor
Gisa, minha querida. Quase fundí minha "cuca". Genial! Adorei.
Beijos no seu coração.
Manoel.
Ouvir o sax, uma delicia, viajar, delirar a o som deçe um privilégio de poucos, pra vc linda bjos, bjos e bjosssssssssssssssss
Amiga Gisa, não bastasse teu talento na lapidação da palavra, tu ainda pintas belos quadros poéticos.
Um grande abraço. Tenhas uma linda noite.
Muito giro, gostei
Mil beijos Gisa, vc me mata de saudades viu?
Malvada......
Beijão do Zé Carlos
Quanta sedução, Gisa!
bjs
Betha
Bonito o texto. Excelente descrição e ao som do sax que por si só já traz um ar de encanto para todo o ambiente. Acho que na verdade não foi um prólogo, já foi o espetáculo propriamente dito. Um abraço!!!
Querida menina Gisa,
Agradeço a visita e tuas palavras...
Seu blog é maravilhoso!!!
Eu amei o texto, parabéns pela brilhante postagem!
Deus abençoe você e sua família.
Beijos no coração.
Teu texto é desenhado com uma sensualidade tocante, Gisa! Fazes dessa característica humana, um sentimento.
Lindo, amiga querida!
I wonder where you get your inspiration from ? It seems like you can get it from every single thing :)
Gisa, quanta sensualidade neste texto. Sempre única na forma como descreves momentos. Bravo!
bjs
oa.s
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