quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DESISTÊNCIA

O teu poder sobre mim
Acabou me desfazendo em mil peças.
Ora obtusas, ora arredondadas,
Compatíveis, ou não, umas com as outras.
Dediquei-me horas a fio
Na vã tentativa de remontar a visão que tinha
Sobre mim mesma.
Desisti.
Vou aguardar que tenhas algum tempo,
Neste tão corrido dia,
Para que me reconstruas
Conforme preferires.
Nada mais me importa.
Cansei.

8 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Após a desistência
Muno-me de paciência
Com artes de joalheiro
Dedico-me a tempo inteiro
Pego num bocado
E coloco onde me parece bem
Noutro, aqui deste lado
E outro um pouco mais além
Sucessivamente os pedaços
Se enlaçam e são colocados
Vais tomando a forma amiga
E no rosto te coloco a expressão antiga
Pronto! Já está!

Mas calma
Falta tratar-lhe da Alma...

Silenciosamente ouvindo... disse...

Reconstruir é sempre difícil.
Gostei do texto.
Beijinho
Irene Alves

ANTONIO CAMPILLO disse...

Romperse en mil pedazos a causa de una alteración, un placer, un suspiro punzante y seco, es lo más agradable que puede existir cuando se quiere sentir más allá del más allá.
El tiempo, ese nefasto enemigo de todos, es el gran culpable de la reconstrucción de las miles de teselas en las que se ha roto una sensación, un inenarrable placer, un sueño, un amor...

Unm fuerte abrazo, querida Gisa.

JP disse...

Desistir e cansar pode não ser a melhor solução!

Mas cansa, cansa mesmo....

Beijinho

Anônimo disse...

Gisa, quem nunca se satisfaz com nada é incapaz de reconstruir. Falta opinião.
Beijo carinhoso
Manoel

CHIICO MIGUEL disse...

Gisa,
Visito teu blog para ler e sentir o teu mais recente poema. Esse RASTO está tão bom quanto aquele que publiquei, creio até melhor. Poeta Gisela, poetisa você não é, é poeta mesmo e das boas. Bem mas eu queria te pedir licença para, neste pedacinho do teu blog colocar uma mensagem poética do tempo em que eu era romântico:
Antes de terminar, um beijo de amigo e de colega, com muitos abraços,ai como é gostoso abraçar quem a gente gosta!

AMOR BUCÓLICO
Francisco Miguel de Moura*

Por que não falas quando a mata chora
em doces gotas de cristal fluente?
Por que não cantas? Vem, amor, cá fora
ver a beleza, indefinidamente...

Por que não ris no riso desta aurora,
regozijante e num calor mais quente?
Caem bênçãos do céu na terra, agora,
depois da treva e desta noite ingente.

Já estou saindo. Vem, serás benvinda,
escuta o boi mugir, zoar o inseto,
vem contemplar nossa manhã mais linda.

Vem à janela do jardim... Abri-a,
para que o sol entrando em nosso teto
complete a glória deste novo dia.

De “Areias”, 1966, livro que foi minha estreia








Filoxera disse...

E, a seguir, cansas-te de esperar que esse alguém tenha tempo.
E cansas-te desse alguém.
Retomas a capacidade de seguir e redescobbres vias mais belas e convidativas para retomares a tua rota.
Beijos.

Escritora de Artes disse...

Olá querida amiga,

Acho que desistirei contigo.....

Cada dia que passa estou mais cansada...

Bjos de luz para iluminar nossa alma