segunda-feira, 15 de outubro de 2012

RASTRO

Mantinha-o sob controle.
Alimentava e, algumas vezes,
Apagava,
Mas nunca o deixava morrer de fato.
Acostumara-se aos altos e baixos
De suas intempéries.
Gostava do jogo.
Agora aquilo!
De tantos freios e contrapesos
Ele se rebelou.
Começou a consumi-la sem pena.
Extinguia suas ideias,
Antes que virassem palavras.
Amarrava seus músculos,
Antes que virassem movimentos.
Incendiava seu corpo,
Antes que pudesse fugir.
Era refém de quem fizera prisioneiro.
Cansada deixou de se importar
Com o que pudessem falar ou pensar.
Vestiu-se de vermelho
E rumou para a labareda mais alta.
Dançou enquanto o fogo lhe lambia
Languidamente o que tentara ter sido
Por tanto tempo,
Sem qualquer êxito.
Assumiu a figura flamejante
Que sempre foi.
Agora livre,
Partiu sorrindo.
Deixou um rastro
De brasas e de cinzas atrás de si
Como um convite a quem quisesse
Encontrá-la.

10 comentários:

ANTONIO CAMPILLO disse...

"Ele se rebelou", sospecho que por alguna causa concreta porque "Gostava do jogo".
Tensar los músculos antes de que girasen en movimientos que incendiaban su cuerpo mucho antes de poder huir, sin importar las habladurías sobre el comportamiento nuevo que exigía vestir de otra forma, danzar en fuego que lamía su cuerpo abrasando todo lo que se encontraba caduco.
Libre al fin, su figura llameante dejaba un rastro de ardientes brasa para poder ser seguido, caminando sobre él, fuese quien fuese, y poder encontrarla para arder eternamente en una sola llama.
Excelente canto a la libertad y al apasionado empuje que unirá a dos seres.

Un fuerte abrazo, querida Gisa.

wcastanheira disse...

Mais um mimo de poema, eta poetiza bem afinada e afiada, por isso é sempre tão bom andar por aqui, pra ti guria vai do Castanha bjos, bjos e bjossssssssssss

Fê blue bird disse...

O feitiço virou-se contra a feiticeira e esta se queimou :)
Lindo demais!

beijinhos amiga Gisa

Flor de Jasmim disse...

Profundo!
Deu-me um arrepio!
Boa semana Gisa.

Beijinho e uma flor

Anônimo disse...

Gisa, "perfeito..."
Beijo no coração.
Manoel

Anônimo disse...

Mas que belo poema! O retrato perfeito de quem controlou o fogo uma vida inteira e assim, de repente, deixou se apanhar por ele! Muito bom mesmo!
Beijinhos!

Andradarte disse...

Tive uma ausência forçada. mas aos poucos, voltarei aos comentários...
Beijo

Rafael Mourão disse...

Olá amiga
Belas linhas e como todas as outras e é por isso que venho aqui, sempre, mesmo que as vezes me falta tempo pra comentá-las, mas venho sempre

Abraços,
RioSul

Manuel Veiga disse...

gostei muito dessa labareda flamejante. e lânguida...

beijo

ONG ALERTA disse...

Muito bom....beijo Lisette.