domingo, 21 de setembro de 2014

PONTO

Com um sopro
Desvendou os olhos.
Os cílios encarregaram-se
De desfazer o resto.
Viveu para a cor,
Para o som,
Para sensações.
Plena, flutuou na graça
Das antigas novidades
Irradiando curiosos arrepios.
Ela havia chegado para ocupar
O lugar que jamais imaginara lhe pertencer,
Mas que ao vê-la,
Imediatamente encaixou-se nos seus contornos.
Ele, um misto de surpresa e encanto,
Espantou as antigas dúvidas
E aquiesceu à certeza
Que, de fato, sempre soube:
No dia da chegada
Não existiriam mais partidas.
Entregou-se sem medos
Ao ponto final.

3 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Com um sopro
entregou-se ao ponto?
Foi má decisão
pois por, baixo,
havia a vigília
de uma vírgula...
(verdade se diga
que, do ponto e vírgula
nunca lhe soube a função
separação?)

Manuel Veiga disse...

"ponto final" - o alfa e ómega do sopro que percorre o poema.

beijo

Escritora de Artes disse...

Sem partidas, amar sem fim...

Lindo!

Bjos