segunda-feira, 30 de julho de 2012
CORREDOR ESCURO (reedição)
A umidade condensava-se nas paredes de lajotas. Frias gotas pareciam brotar do inanimado. Lugar pequeno. Três portas apenas e um elevador antigo. Escuridão. No canto, uma escada estreita e sinuosa que levava ao andar de baixo. Pararam. Olharam-se. Sorriram e disseram banalidades. As palavras não ditas saiam por todos os poros que não conseguiam reprimir tamanha rebelião. Fogos fátuos começaram a se espalhar pelo ambiente. Queimavam-lhes os pés, os cabelos, os corpos de relance. A luz que vinha deles fez romper a labareda de dentro dos peitos. Aos poucos, começaram a derreter, sem que isso fosse percebido. O incêndio, pouco a pouco foi se alastrando. Apesar da disformidade, que já se estabelecia, palavras, ditas certas, continuavam saindo das bocas. Não podiam mais se mexer. Os corpos, derretidos, foram prendendo ao chão. Em pouco tempo, tornaram-se duas manchas amontoadas sobre o piso.
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13 comentários:
Triste, mas infelizmente,às vezes real...
Abraços
Suas palavras tornaram-se imagens na minha mente.Texto expressivamente belo!
Beijos, Fernanda
Gisa, neste conto/crônica, alguma coisa lembra Caio Fernando de Abreu. Muito bom. Um abraço. Tenhas uma linda semana.
Um texto pequeno mas carregado de palavras de silêncio onde brota o fogo da paixão.
Parece que tudo é tão pequeno e apertado que eles se derretem em uma única mancha amontoada no chão.
Mi querida Gisa, tu estilo camusiano en la prosa es potente y cortante.
Narras tanto con tan cortas frases que, una vez releído el texto, además de encontrar referencias a estancias, las situaciones vividas, el fuego que derrite, la unión cuerpos como si de dos metales aleados se tratase, las palabras, como una aleación, dan lugar a un nuevo metal, un nuevo texto en el contexto original con otras propiedades y otra fuerza interior.
Me encanta tu prosa.
Me encanta tu fantasía.
Un fuerte abrazo, querida Gisa.
Não sei que fazer
Tenho o interruptor à mão
Posso acender?
Tirar-te da escuridão?
Belo, muito belo. E com uma forte pitada existencialista... Aplausos!
Gisa minha querida
Excelente e belissimo texto onde consegues fazer sentir esse fogo de paixão dentro de nossos corpos.
Boa semana querida
Beijinho e uma flor
de derreter mesmo...
com a intensidade de tal golpe de fogo... clandestino.
beijo
Peço desculpa por só hoje passar a agradecer-lhe as suas visitas e amáveis comentários mas, como sabe, tenho estado de férias e só cheguei há poucos dias a Portugal.
Gostei uito de conhecer o seu blog e vou ter de voltar com mais tempo
Beijo
Forte e belo!
Bjos querida amiga
A força das palavras, das tuas palavras.
Beijinho
cvb
cinematográfico este post!
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