domingo, 24 de abril de 2022

FACES

O tempo tinha passado rápido
O que restavam eram poucas horas, minutos, talvez...
Precisava ser rápida.
Vestiu-se de paixão e mergulhou no infinito
Enquanto nadava, via passar inúmeras faces,
Quem seriam?
Conseguia ver que todas tinham a mesma expressão, 
Mas..., quem eram?
Em um instante não previsto ou esperado,
Reconheceu-se, atônita, diante de um espelho,
Estrategicamente colocado no caminho,
De imediato,
Todos os rostos, antes impassíveis,
Refletiram seu próprio rosto nu.
De pronto entendeu tudo que tinha deixado escapar
Dentro da impassividade que sempre quis refletir 
Para não ser importunada.
Viu, todos os sentimentos que deixou de viver,
Para garantir a segurança do anonimato das multidões.
Sentou-se diante do espelho e chorou sinceramente
A pena de si própria a acolheu e a fez sucumbir serenamente
Os minutos finais escoaram ao som das lágrimas que caíram 
No chão seco e infértil.

Um comentário:

Manuel Veiga disse...

escreve muito bem.
uma composição de qe gstei muito.
obrigado pela sua presença amiga

beijo