sexta-feira, 8 de abril de 2016

SOPA

Fugiu da caixnha das expectativas
E apareceu, em forma de labareda,
Bem no meio da sala de jantar.
Assustados, aqueles que tomavam
Automaticamente a sopa fria e gordurosa
Dos tempos sem brilho,
Acovardaram-se diante da inusitada presença.
Perguntavam-se, entre parênteses, 
O que teria ocorrido de fato.
Subindo na mesa, no alto de seu salto 15,
Dançou por entre os pratos
Alcançando a vetusta cabeceira.
Sentou-se indecorosamente de pernas abertas
E, gritando falas desconexas,
Atingiu o orgasmo recolhido há tanto.
Exausta, sucumbiu ao vento forte,
Que a carregou para todo o sempre.
Ao fim de tão trágica cena,
Voltaram à mesa aqueles que dela
Nunca saíram, suspirando, entre aspas,
Os desejos rotos e inconfessáveis.
A sopa congelou.

8 comentários:

Mar Arável disse...

Também me fazem sorrir os seus comentários lindos

Jaime Portela disse...

Uma pequena história muito bem contada poeticamente.
Excelente, gostei imenso.
Bom fim de semana, Gisa.
Beijo.

Manuel Veiga disse...

saborosa essa sopa - bem melhor que dobrada fria...

Andradarte disse...


Isso é uma rica sopa.....
Não pode haver quem não goste.
Boa semana
Beijo

Pedro Coimbra disse...

Sopa tem que ser quentinha...
Boa semana

Escritora de Artes disse...

Oi Gisa,

Um texto que transmitiu nas entrelinhas fortes sentimentos...

Bjos

Fê blue bird disse...

Um sopa que aqueceu com certeza os comedidos comensais.

Um beijinho amiga Gisa

Rogério G.V. Pereira disse...

Se a sopa é canja
deixa
mesmo fria
essa sopa
é sopa boa

tem é osso
(pois galinha
não tem espinha)