sábado, 28 de novembro de 2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

BALÕES

Cercada por balões,
Disfarçafa-se de alegria.
O colorido, flutuante de gás hélio,
Impedia que suas lágrimas refletissem
No brilho do sol.
Queria ser a fantasia que criava.
Desejava que a transmutação
Impusesse-se de fora para dentro.
Tentava, com frenesi,
A mudança exógena.
Uma hora aconteceria, confiava.
Seguiu no choro,
Abrilhantado pelo sorriso
De que tudo começaria a mudar,
Em breve, muito em breve.

sábado, 21 de novembro de 2015

BLARGH!

Entre o belo e o feio,
Sentiu-se normal.
Entre o magro e o gordo,
Imaginou-se média.
Entre o ardente e o frígido,
Viu-se morna.
Entre o explosivo e o apático,
Entendeu-se controlada.
Era a personificação
Do meio-termo.
Insuportável!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

SAUDADE

Do canto distante
Ouvia risadas do passado.
Em um túnel caleidoscópio
Decidiu fugir do real.
Embretada na floresta de sonhos
Pisava, levemente,
Sobre o chão de folhas secas.
O perfume da chuva, a anunciava.
Na antiga clareira, 
Ao pé da grande árvore sentou-se,
Como sempre o fizera.
Sentiu-se acolhida pelo infinito.
O amor ainda estava materializado ali,
Forte e fresco.
Acalentada pelo tempo,
Chorou a saudade 
Que ia partir.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

BATIDAS

Na forma de um véu
Deslocou-se sobre o oceano
Na esperança de vê-lo.
Durante o percurso,
Recolheu pequenos mimos.
Uma gota do mar aqui, um perfume do vento ali.
Ia determinada a encontrá-lo,
Houvesse o que houvesse.
Voou dias escaldantes 
E noites frias.
Viu luzes e escuridão.
Guiava-se apenas pelo som do coração dele
Ainda preso aos seus ouvidos.
Muito tempo depois chegou à praia.
Cansada, feliz, em êxtase.
Onde ele estaria?
Ansiosa, transmutou-se novamente em mulher.
Andou por todos os cantos e adormeceu
Na areia cálida.
Ele chegaria em breve.
Sim, ele chegaria,
Ouvia as batidas cada vez mais próximas...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

JOGO

Um dia, os sonhos curiosos
Vieram espiar a realidade.
Divertiam-se com seus tropeços,
Terrestres e falhos.
Pairavam fugazes no cenário bifronte:
Etéreo na parte superior 
E sólido junto a base.
A realidade, 
Percebendo-os de canto de olho,
Ansiava alcançá-los, 
Quando menos esperassem,
Assim fazia-se de tonta,
Totalmente alheia à situação.
Não tolerando tamanho desdém,
Alguns sonhos, mais afoitos,
Arriscavam-se em rasantes
Momento em que restavam 
Eternamente capturados.
E, neste jogo de forças,
A vida seguia...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

HISTORINHA

A difícil arte de sentar à janela e ver o tempo passar, exercia com perfeição. Ora atrás das cortinas, ora à frente, brincava de luzes e sombras com os minutos e horas. Divertia-se quando o tempo sentia suas ausências, enciumava-se, quando desprezava suas presenças. Admirava-o, sobretudo. Altivo e imponente, capitaneando ventos, sois, chuvas, vidas e mortes. Este, por sua vez, sabia que somente ela o conhecia com requintes de detalhes. Certo dia, parou o mundo para que ela saísse de seu posto e desaparecesse sob seu manto. Melhor tê-la por perto. Melhor assim... E a janela? Bem, a janela nunca se conformou...

sábado, 7 de novembro de 2015

REALIZADA

Pequena, ínfima, minúscula....
Imperceptível, como sempre
Ansiara ser.
É.

DIFICULDADES

Sentia-se vestindo a capa
Encharcada de lágrimas estocadas.
O pesado abrigo causava-lhe 
O frio sombrio do intenso inverno.
Difícil andar, difícil ficar.
Difícil ficar, difícil andar.
Difícil...