quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CONFIANÇA

Correu o mais intenso que pode
Lançou-se na direção do nada sem medo.
Tinha certezas absolutas
Que amorteceriam a queda.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CASULO

Confuso, 
Tentou dissipar as preocupações 
Na fumaça do cigarro.
Não contava, no entanto, 
O quão rápido
Poderiam as fitas cinzentas e, 
Aparentemente, translúcidas,
Nascidas em espiral da brasa rubra
Tramar o inexpugnável casulo
Sufocando-o lentamente,
No mais apurado requinte de crueldade.
Demonstração de força 
Do tédio, da dúvida e do medo
Sobre aqueles 
Que não conseguem decidir.

domingo, 27 de novembro de 2011

TEIMOSA

Subiu no pêndulo e pôs-se a balançar
Cada vez ia mais alto,
A cada vinda ia mais longe.
Conseguiu a maior velocidade que podia.
Nem mesmo com esse frenético movimento de negação
Ele compreendeu que deveria ir embora.
Sentou-se para esperá-la.
Um dia, ela ainda teria que descer do brinquedo
E, talvez o perdoasse de tantos erros cometidos
Aceitando novamente todo o amor que lhe trazia
Em forma de lágrimas de arrependimento.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SUPERAÇÃO

Um véu negro! Eu preciso de um véu negro! Rápido!
Estás vindo a passos largos! Tenho pressa!
Apesar de tudo ainda te quero bem
E não gostaria de te magoar.
Detestaria permitir que me visses, assim,
Nesses tons tão claros e iluminados
Estourando de prazer e alegria
Caminhando ereta por sobre as nuvens
Geradas a partir do escombros que despencaram
No precipício da nossa separação.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CÍRCULOS

Hoje gostaria de falar
Falar alto, gritar
Gritar forte, sorrir
Sorrir calmo, descansar
Descansar em teu colo, sonhar
Sonhar que tu me
Ouviste,
Gritaste,
Sorriste,
Descansaste
E, sobretudo,
Que tu
Sonhaste comigo,
Descansando,
Sorrindo,
Gritando,
Falando
Falando
Falando
falando
faland
falan
fala
fal
fa
f

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TRÊS MULHERES

Três mulheres
Três sorrisos
Três magias.

A primeira encarregada de falar.
Conhecia de tudo um pouco
Transitava com elegância entre os diversos temas.
Aconselhava, discutia, divergia e concordava.
Analisava a tudo e a todos com palavras certeiras
Plenas de conhecimento,
Mas, apesar de tanta fluência,
Sabia calar, ouvir e confortar.
Levava como marca o símbolo da terra
Representante que era da sensatez das decisões.

A segunda encarregada de amar.
De sorriso fácil e carícias amplas.
Queria encantar e ser encantada,
Seduzir e ser seduzida.
Gostava do jogo de palavras.
Sabia enlouquecer quando queria
E sabia enternecer quando o necessário se impunha.
Entristecida soube renascer na alegria
Surgida de terras muito distantes
Sobre as quais brilha na sua mais pura essência
De mulher absoluta.
Levava como marca o frescor do ar
Uma vez que preenchia o espaço entre o céu e a terra
Beijando sempre o horizonte.

A terceira encarregada de arder.
Gostava dos corpos colados,
Na avidez dos embates.
Deliciava-se com os aromas cálidos dos suores
Que banhavam os alvos lençóis
Ou confundiam-se com o orvalho
Depositado na relva fresca
Sob os primeiros raios de sol .
Sabia o valor de uma música bem escolhida
Para tocar a luz de velas, regada a um vinho de fina safra.
Dominava a arte sinuosa dos movimentos compassados
Premeditados como em uma dança
Milimetricamente coreografada.
Levava a marca do fogo
Transmitindo calor aos que se aproximavam.

Três mulheres.
Três sorrisos.
Três magias.
Encontraram-se no cenário
Que ostentava a marca das águas
Olharam-se e,
Imediatamente, compreenderam a completude da qual faziam parte.

Três mulheres.
Três sorrisos.
Três magias.
Foram vistas pela última vez,
Sob o primeiro clarão da lua cheia,
Segundos antes de desaparecerem
Uma a uma
Sob o véu líquido e claro que vertia das pedras
E se precipitava na direção do pequeno riacho
Ao som de todos os seres
Que comemoravam, com entusiasmo,
A tão esperada união daquelas
Que nunca poderiam ter sido,
Um dia,
Apartadas.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PRAZER

Contemplava a rosa com atenção.
Cada pétala,
Suas curvas e reentrâncias.
Encantava-se com as diferenças de tonalidade
Que exibiam as várias gotas de orvalho
Depositadas sobre o rubro fundo.
Respirava avidamente
Toda a fragrância que dali exalava.
Absolutamente hipnotizado
Pela beleza da flor,
Despertou-a com um beijo
Convidando-a para dançar.
Valsando, manchava o salão de sangue
Que vertia do seu corpo em pingos largos.
Não ligava.
Jamais deixaria que espinhos ciumentos lhe roubassem
O extasiante  prazer daquele momento.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

INTERSECÇÃO

Possuíam ângulos de visão diferentes.

Ela, já no meio do caminho,
Divertia-se com as luzes da amplidão
Cada qual incidindo,
De uma maneira peculiar,
Sobre a paisagem.
Dos seus ideais,
Tinha alguns como atingidos e findos,
Outros, inatingíveis e dispensáveis,
E mais outros, ainda dignos de busca,
Tudo na mais perfeita desordem.

Ele em franca ascensão,
Preocupava-se em adivinhar
Quais luzes deveria confiar como reais.
Exauria-se na subida
E não conseguia aproveitar a paisagem
Tentava alinhar seus ideais
Em compartimentos estanques,
Um após o outro,
Para serem buscados cada qual
Na sua vez,
Dentro de uma lógica rígida.

Apesar de trajetórias tão díspares
Encontraram o encaixe perfeito e
Aproveitaram intensamente a delícia
Do único ponto de intersecção que se propiciou.
Viveram, na força do sol e da chuva,
Instantes de puro prazer sem compromissos ou regras,
Pontos ou visões, ideais ou compartimentos.

Com o entardecer,
Cederam a urgência dos magnetismos  opostos
E colocaram-se em marcha por seus caminhos antagônicos
Certos da existência de novos pontos de intersecção
Em breve, muito breve.




&X&X&X&X&X&X&X&X&X&X&X&X&X&




DESAFIO DA DJA TOCANDO EM FRENTE

5 coisas que eu quero fazer antes de morrer:
- saltar de pára-quedas e de asa delta;
- ir a Paris, Londres, Madrid, Roma e Lisboa;
- aprender a falar italiano e espanhol com fluência;
- ler mais de 1.000 livros;
- escrever 1 livro.

5 coisas que eu faço bem:
- doces;
- salgados, quando eu me dedico;
- pular corda;
- rir;
-ser feliz.

5 defeitos:
- teimosia
- teimosia
- teimosia
- teimosia
- teimosia
(o defeito é tão grande que nem dá chance para os outros)

5 coisas que eu adoro:
- minha família;
- meus livros e filmes;
- minha casa;
- silêncio;
- dançar, escrever, rir e cozinhar.

5 coisas que eu detesto:
- mosquito e barata;
- ir para o campo;
- gente falsa e esnobe;
- mentira;
- puxa-saco.

Bem acho que é isso. Agora teria que indicar outros blogs,mas sou péssima nisso, nunca sei se vão querer o não, assim, deixo livre, uma vez que é um desafio, para quem quiser sinta-se desafiado.
Um beijo
Gisa

domingo, 20 de novembro de 2011

BOLSO

Do fundo do teu bolso,
Posso ouvir os batimentos do teu coração,
Posso debruçar-me na aba e sentir a brisa do mar,
Posso me aconchegar no teu peito e me aquecer nos teus pelos.
Do fundo do teu bolso,
Posso ir aos mais diversos locais,
Posso ouvir todos os teus segredos,
Posso viver a tua vida sem que me notem.
Do fundo do teu bolso,
Posso delimitar meu lugar na tua alma,
Cavar um côncavo
E enfeitá-lo com minhas bem tecidas teias
Os meus mais inebriantes perfumes
E as poderosas magias que escolhi com cautela para esse momento.
Assim, mesmo que eu me vá um dia,
Por vontade própria ou por ser banida,
Minha marca teimosa
Ficará em ti
Forçando-te a cada respiração
A lembrança de que
Um dia
Eu tentei te fazer feliz.

sábado, 19 de novembro de 2011

VISITA

O cheiro da chuva está repleto de ti.
Os pingos fortes trazem as tuas carícias.
O turbilhão de vento reproduz o teu corpo no meu.
Nos relâmpagos, vejo a clareza dos teus olhos
E nos trovões, a força das tuas palavras
Sempre sussurradas aos meus ouvidos.
Com pressa, deito-me na relva.
As nuvens negras já se aproximam
E a tua visita não tarda.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

MIRAGENS

Queria um vestido de nuvens
Passaria por ti,
Em uma tarde de tempestade,
Sem ser notada.
Queria um perfume da grama úmida
Não me perceberias,
Pois teu olfato não me distinguiria
Do aroma que exala do jardim 
Antes da chuva.
Queria uma máscara de gesso
Com um lindo sorriso pintado
Misturada entre os diversos rostos da multidão
Não me notarias tampouco,
Jamais poderias crer que eu havia conseguido sorrir novamente.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

VIRADA

No fundo do poço
Afundei no lodo pink
Com reflexos de purpurina.
Enchi os pulmões 
Com o ar fétido-mentolado do ambiente.
Iniciei a escalada rumo à abertura
Apoiando-me nas viscosas paredes
Recobertas de musgos dourados e apodrecidos.
Atingi o topo
Em noite de tempestade
Movimentada por rajadas de incompreensão.
Gargalhei perante os olhos dos derrotados
Que não compreendiam
Como alguém poderia sair de uma depressão
Em tão alto estilo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ACALANTO

Deitei ao lado e afaguei-lhe os cabelos
Cantei as mais belas canções de ninar
Dormi embalada por seu sorriso tranquilo
Próprio daqueles
Que saem para encantar
Os sonhos do mundo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PISTAS

Olha-me.
Atravessa todas minhas carapaças.
Por que o espanto?
Presta atenção, é possível.
Segue o caminho das fitas iluminadas.
Escondi-as, de propósito
Somente para te indicar o trajeto
Quando sentisses que era o teu momento
De me redescobrir.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AUTORRETRATO

Peguei papel e lápis para fazer meu autorretrato.
Rabisquei, apaguei.
Tornei a tentar e novamente desisti.
Fui até o espelho conferir os traços.
Encontrei tantos que me atrapalhei.
Não sabia por onde começar.
Todos gritavam que deveriam vir primeiro.
Os olhos piscavam freneticamente na ânsia de seduzir.
A boca falava, murmurava, jogava beijos esperando ganhar no grito.
O nariz alongava-se, afinava-se e ameaçava trancar a respiração se não tivesse preferência.
Os cabelos voavam em rebeldia achando-se ser mais fundamental a moldura do que o conteúdo.
"- Chega!" - vociferei.
Afinal, como artista e modelo, deveria dar as ordens.
Calaram-se espantados com minha audácia.
Amassei o papel e guardei o lápis e a borracha.
Não quero mais.
Afinal, de que me serviria eu mesma
Congelada em um papel
No fundo de uma gaveta?

domingo, 13 de novembro de 2011

GRITO

Que falta me fazes!
Levei muito tempo para entender isso.
Mas agora verbalizo, grito:
Que falta me fazes!
Feita a confissão,
Posso voar novamente.
Quem sabe não encontro
Um outro eu capaz de
Reescrever essa frase?

sábado, 12 de novembro de 2011

PARASITA

Apagou a luz do ambiente.
Girou a chave 
Até a volta completa se fazer.
Ligou a ducha.
Sob a cálida água,
Tremeu ao ver a ansiedade
Escorrer por seu corpo, 
Aos gritos de protesto,
Próprio dos parasitas que são arrancados do hospedeiro.
Sendo rapidamente engolida pelo escuro  ralo.
Empurrou com o pé, ainda atônita,
Os últimos vestígios 
Daquilo que, um dia,
Pensou que nunca mais iria se libertar.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PACIÊNCIA

Vem me encantar
Sou suscetível aos galanteios
Derreto-me com os olhares
Sucumbo diante dos toques
Enlouqueço com sussurros
Agora chega!
Não te darei mais pistas!
Vem me encantar,
Logo.
Nunca fui paciente
Nem tenho a intenção
De  assim me tornar
Um dia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

FITAS

Frente a frente
Imagens reflexas
Olhos fixos que bebiam os últimos instantes
Um no outro.
Uniram as mãos espalmadas.
E, no susto, iniciaram a dança
Dos corpos colados.
Buscavam a fita e a encontraram
Muito bem escondida
No limiar dos seus infinitos.
Apoderaram-se, cada qual da sua extremidade
E, sem sorrisos,
Iniciaram o percurso rumo ao oposto.
O laço desfez-se sem qualquer encanto.
Livres, voaram acompanhando as piruetas
Da fumaça perfumada do incenso.
De saudade ficou apenas
A imagem do laço desfeito em pontas
Que insistia em acenar o mais patético
Adeus.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PRENÚNCIO

Ohou para a porta e viu o elegante homem que adentrava no salão. Impecável, com tulipas em forma de bouquet. Trocaram olhares, inicialmente de soslaio, após de forma mais aguda. Caçaram-se mutuamente pelo ambiente. O perfume das flores a entontecia fazendo com que levitasse da cadeira onde respeitosamente se encontrava. Uma mesa de jogo. Cartas rolando. Bebidas e cigarros. Ao fundo música de cítaras que apenas os dois ouviam e sorriam. O magnetismo dos olhos fez com que os corpos se procurassem mais de perto. Deslizaram pelo espaço lotado, sempre fixos um no outro. Passaram lado a lado, como se a dança do minueto se tratasse. Ela sentiu todo o calor que dele emanava quando ele, sem que ninguém percebesse, lançou uma tulipa no seu decote. Com a mão rápida, ela caçou o mimo e o guardou junto ao peito, sob o seio. Afastaram-se reproduzindo o leve bailado daqueles que se enamoram. No ar, no entanto, restava o ardor e desejo já materializado em véus que os uniram pela cintura, sem que os outros vissem. Eles sabiam que estavam presos, eles sabiam que aquela seria uma bela história, eles sabiam que tudo estava apenas começando.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MOMENTO

Depois de tanta insistência, um dia acordou e percebeu tudo, com muita clareza: a magia é para ser feita uma única vez. O encantamento pleno que este momento oferece não tem par, por isso mesmo é que a cortina deve cair ao final do ato e todos irem embora saboreando cada lembrança fugaz como se fossem telas raras pintadas por algum gênio já falecido há muito.

domingo, 6 de novembro de 2011

AUTOCONFIANÇA

Parou e refletiu:
Existe alguém melhor do que eu?
Foi soterrada pelo turbilhão de lembranças,
Mas nenhuma grande o suficiente
Para responder satisfatoriamente a sua dúvida.
Sorriu, aprumou-se
E, confiante,
Em cima do seu salto mais alto
Entrou com todos os requebros,
A que tinha direito,
No lotado salão.

sábado, 5 de novembro de 2011

SOL

Estava quieta no meu canto.
Chorava minhas angústias e enganos.
Disse que me ia para sempre.
Saí em busca do sol,
Aquele que eu havia abandonado há algum tempo.
Andei por várias trilhas,
Apontaram-me várias direções.
Tropecei, cai e fui em frente,
Não podia estar tão distante assim.
Foi com muita dificuldade que acertei o caminho
Já podia sentir-lhe o calor, mas e o brilho?
Onde havia se ocultado o brilho?
Cheguei mais perto, mais perto e mais perto.
O ar extremamente quente denunciava o final da busca,
Mas a luz, onde estava a luz?
Parei confusa e cansada.
Extenuada, senti o fogo envolver-me com fúria.
Meu corpo, meus olhos, meus cabelos ardiam
Sem que eu pudesse entender de que forma.
Em êxtase, virei-me e pude ver-te
Claro, iluminado, brilhante na minha frente,
Com os braços abertos repletos de sol.
Entreguei-me a ti sem lutas.
Afinal, alguém que havia guardado
Tão poderoso astro
Só para, quando eu o procurasse novamente, me entregar
Merecia tudo o que eu possuía,
Tudo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

VONTADE

Hoje, gostaria de te servir.
Avental, bandeja
E todas as honrarias.
Uma almofada para colocares os pés.
Uma massagem para relaxares.
E uma linda música para encantar
Teus aguçados ouvidos.
No ar, incensos e aromas florais.
Hoje, quero-te entregue e imóvel,
Apenas aproveitando minhas 
Mais rebuscadas carícias.
Hoje, e somente hoje,
Quero ser tua gueixa.
Aproveita.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DESISTÊNCIA

"Acho estranho"
Após ouvir essas palavras
Sepultei para sempre
A esperança de voltar 
Ao ponto onde nos tocamos e sentimos
Pela primeira, única e última vez.
Tornamo-nos estranhos
Demais para tanto.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VISÕES

É definitivo agora, sei.
Partiste e não voltarás mais.

Sofro por que não me dissestes isso. Sofro por que esperaste que eu compreendesse a tua indiferença. Sofro por que acabou sem iniciar. Sofro por que nunca me desses a chance de te mostrar o quanto tudo poderia ser belo. Sofro por que tem que ser assim.

Sorrio por conseguir sair da bolha opaca em que fiquei te esperando por esse tempo todo. Sorrio em vê-la explodir e derreter-se em lodo negro escoando pelos vãos do assoalho. Sorrio ao constatar que o sol ainda está lá da maneira que eu deixei há tanto tempo.

É definitivo agora, sei.
Parti e não voltarei mais.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

CÁLICE

Destilo todo o veneno no cálice.
Verto o melhor vinho da adega sobre ele.
Lentamente misturo muito bem.
O aroma que se ergue é doce.
A cor rubra do líquido é hipnótica.
O sabor é irrecusável.
Bebo gole a gole
Desejando que o final seja rápido.
Detestaria que chegaste
Antes de eu ir definitivamente.
Como poderia carregar a visão
Dos teus olhos esbugalhados e culpados
Por toda a eternidade?