quinta-feira, 30 de abril de 2015

NONSENSE

Do alto das ideias criativas
Desenhou um sapo alado.
Pintou, cuidadosamente, de azul.
Recortou milimetricamente.
Deu-lhe um beijo
No mesmo instante 
Que o largava pela janela.
Materializado, no passe de mágica,
O príncipe, incrédulo,
Estatelou-se no chão,
Pois não percebeu que tinha asas.
Pronto, pensou.
Sem riscos de cair no antigo conto de fadas
Voou em direção ao novo destino,
Além da linha do horizonte
Onde se encontraria com
O almejado pote de ouro.
Afinal, era uma bruxa.

domingo, 26 de abril de 2015

FINALIZE

Com a alma
Despudoradamente desnuda,
Desfilava entre as hordas
Aos gritos de "viva!".
Ia sem pressa,
Aproveitando cada olhar,
Cada indagação a respeito
Do significado da cena.
...
...
...
(Finalize, eu deixo...)
; )

sexta-feira, 24 de abril de 2015

GATA

Macia, desliza nas entrelinhas.
Rola e engana
A quem se desconcentra
Com sua manha.
Seduz, sempre,
Na promessa do nada utópico.
Ri de soslaio
Diante da boquiaberta
Presa, presa...

quarta-feira, 22 de abril de 2015

TRISTE

Queria morrer,
Havia decidido há algum tempo.
Fechou os olhos
E instalou-se em estado de cegueira.
Parou de andar,
Conduzindo-se a um estado inerte.
Não quis mais comer,
Dividindo seus dias com a inanição.
Assim ficou, quieta, a espera,
Envolta na névoa de orações,
Freneticamente repetidas,
Por aqueles 
Que a amavam 
De verdade.

sábado, 18 de abril de 2015

ESCADAS

As escadas se confundiam.
Nunca sabia se partia ou chegava.
Subia ao descer.
Descia a subida.
Degraus materializavam-se
A medida que sumiam.
Coisa estranhas aconteciam
Naquela tarde.
Agarrou-se ao corrimão
Para entender os desenhos.
Queria retornar ao ponto inicial.
Almejava alcançar o final.
Conseguiria, com certeza.
Precisava ter calma
E concentração.
Só isso.
Calma
Con cen tra ção.

domingo, 5 de abril de 2015

INVISÍVEL

Não se sentia amada.
Levava a vida sempre em segundo plano.
Tudo era mais importante do que ela.
Servia, oferecia, guarnecia.
Era estepe para as mais diversas dores.
Só era lembrada na necessidade,
E tão logo que ela se fosse,
Retornava a sua condição de nada.
Morreu na rotina da tarde,
Sem uma lágrima de surpresa
Ou um suspiro de dor.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

FORÇA

Gosto da quantidade,
Do exagero.
Sou prolíxa.
Meus gestos são amplos
E minha voz, alta.
Rio com frequência
E choro aos soluços.
A intensidade me condena
A aparecer.
Sempre e mais.
Não desgosto.