segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CONCLUSÕES

Você me faz feliz
E isso é definitivo.
Pensar impede que eu o sinta plenamente
E isso é definitivo também.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

MOMENTO

Perco meu olhar nos contornos das lembranças
Sombras insinuam-se fazendo com que retornes pleno
Fitando-me de soslaio,
Querendo o contato, mas tímido, com medo.
Cresci diante de ti na ideia de te devorar,
Fui devorada com suavidade.
E, banhada no teu suor,
Entreguei-me ao teu devaneio.
Entrelacei meus dedos nos teus cabelos,
Gritei no prazer que me causastes.
Tatuei com força teu corpo na minha garganta.
Agora és meu prisioneiro,
Mesmo que nunca mais regresses,
Irás me pertencer, para sempre,
Na cela daquele instante.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PRATICIDADE

Acabou.
Nem havia iniciado, mas acabou.
É definitivo eu sei.
Ninguém me disse, eu sinto.
Não queria, aconteceu.
Agora é dissipar, aos poucos, todos os vestígios no decorrer dos dias
Até que a simples lembrança embace
E nunca mais tenha força de se revelar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

TRANSLAÇÃO

Não vivo, gravito.
Gravito em torno desse estranho objeto articulado que chamam corpo.
Não consigo entender bem a força que me prende a ele.
Pior. Sinto todas as sensações que dele emanam.
Sua atmosfera me sufoca.
Estarei condenada à translação eterna?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ESPERA

O lodo vertia dos seus olhos transformando-lhe o rosto em uma bizarra máscara cinza. Tentava, desesperadamente, ler aquela caligrafia que há muito lhe era familiar, mas as letras dançavam pelas linhas e escondiam-se, em segurança, no verso da página.
Que tipo de encantamento teria sido realizado para que a luz branca, outrora decomposta nas mais belas cores, hoje restava aprisionada pela escuridão?
Sentia que algo havia dado errado e não podia evitar.
Cansada sentou-se silente.
Sem luta, permitiu que os musgos tomassem conta do seu corpo.
Afundou no pântano para aguardar o pior que, um dia, iria chegar
Pelo menos ela ainda conseguia ter essa certeza.
O pior vai chegar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

VOLÚVEL

Gosto de mudar de ideia quando a ideia oposta me agrada mais
Sou muito vulnerável a seduções...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FOGOS DE ARTIFÍCIO

A luz apagou-se e começou a procura
Mãos percorriam o nada em busca do toque
Sorrisos invisíveis e palavras deglutidas,
Tentavam esconder as pistas
Calores em evidência tornavam-se densas pontes de energia
Véus luminosos dos olhares emaranhavam-se nos corpos,
Que nus, aproximavam-se a cada passo
Encontraram-se ofegantes em meio a
Feixes de eus explodindo,
Como fogos de artifício

sábado, 19 de fevereiro de 2011

NEGÓCIOS

Seduza-me.
Quero ver até onde vai a tua capacidade de encanto
Mas cuidado.
Se não conseguires
Devorarei a tua alma
Encantadoramente frustrada
Para todo sempre.
Negócio fechado?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EGOCÊNTRICA

Olho para baixo e posso vê-los
Um, dois, três, quatro, cinco
São azuis e baixotes
Todos correm na mesma direção, em fila indiana
Não vão a lugar nenhum
Ocupam-se de correr, em círculos,
Já estão até com labirintite os pobres!
Mas por onde correm?
Oras! Óbvio!
Em torno do meu umbigo!


(Agradeço à Lully - http://discoslivrosnadamais.blogspot.com/ - por me apresentá-los. Habitam o meu corpo há tanto e eu nunca havia percebido. Agora que eu sei que existem, vou  cuidar muito bem deles para que nunca me abandonem, pois compreendi que são eles os responsáveis por fazer com que o sol nasça só para mim todos os dias e que os pássaros cantem apenas para o meu deleite pessoal. Convenhamos amigos, tinha que ter um forte motivo para que o mundo girasse no meu entorno, não é mesmo?!)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ROLETA

Façam suas apostas!
A sorte está lançada!
A roleta gira dengosa enquanto a bolinha desempenha o seu movimento contrário.
Tão opostas, mas acabam alcançando algum ponto em comum de repouso,
Resta saber se este foi o escolhido.
Sorte e desgraça em um piscar de olhos.
Perdas e ganhos momentâneos.
Lá vamos nós de novo!
Façam suas apostas!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

FANTASMA

Pobre fantasma!
Sentado no sofá da sala com seus sapatos novos sendo empoeirados pela vassoura que insistia em varrer o tapete.
Suprema humilhação...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CAOS

Tento colocar minhas ideias em ordem
Numero-as ao acaso
Coloco-as em fila
Exijo que façam silêncio
Olho cada uma no rosto,
No fundo dos olhos.
Descubro, atônita, a minha incapacidade diante delas.
Deixo os braços caírem
E, com um suspiro de resignação,
Rendo-me ao caos.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

BRINCADEIRA

Gosto de brincar com palavras e emoções.
Brincar?
Reformulando...
Gosto da provocação de emoções a partir das palavras.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

ARQUIVOS

Três oportunidades na vida. Três momentos diferentes. Três pensamentos.
 Passado, presente e futuro.
 Os enfoques brincam na furta-cor dos reflexos do ambiente.
Sensações diferentes? Sempre.
O encantamento é saboreado, flui dia a dia, ano a ano, idade a idade.
A curiosidade sempre se refaz para logo ser esquecida.
 Latente, espera a próxima oportunidade. Haverá próxima oportunidade?
 Dúvida totalmente irrelevante.
O caminho corre embaixo dos pés que trôpegos tentam se concentrar na marcha diária, mecânica e metalizada.
As imagens, de tão rápidas, são apenas catalogadas para uma melhor análise no posterior que nunca virá.
A salvo permanecem em seus arquivos cheios de teias, virtuais ou reais,aguardando o nada previsível.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

DECEPÇÃO

 
Peguei a pá e cavei um profundo buraco.
Cobri suas paredes com cimento
Moldei seus contornos ao longo de meses
Ficou pronto.
Estipulei regras rígidas.
Todas as determinações foram cuidadosamente repassadas
Entendestes o teu papel
Ficastes pronto.
Entrei no buraco na hora esperada.
Fechastes a tampa e a lacrastes, conforme as ordens
Fechastes teus ouvidos aos meus gritos e apelos.
Fiquei inerte.
Como podias ser tão obediente?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

JOGO

Histórias totalmente diversas. Períodos de tempos distantes. Personagens que só poderiam se encontrar com um leve cumprimento de olhos enquanto se cruzavam pelos corredores. A luminosidade era pouca e a música, muito alta. Mentes etilicamente alteradas. Olhares lânguidos deram-se as mãos por tempo demasiado. Fogo de um lado, indiferença do outro. Tempo passando, pessoas passando, olhares passando, pensamento tornando-se fixo. Concreto, argamassa e inabalável construção de armadilhas que visavam apenas capturar a atenção. Intento realizado com sucesso. Iniciou-se o incêndio do lado que restava. Tempo passando, pessoas passando, olhares tornando-se curiosos. Conversas frequentes. Explosão de palavras ditas e não ditas. Dúvidas e revelações em doses homeopáticas. Crescimento de desejos. Planos concretos. Objetivos diversos, bem definidos e conhecidos por ambas as partes. Idas e vindas. Mais dúvidas. Apostas. Fogo. Auge. Água. Cinza. Dor. Saudade.
Arrependimento?
Por quê?
Tudo foi meticulosamente cumprido dentro das duas expectativas.
Ritual findo.
E nunca devemos esquecer que
Jogo é jogo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

NOVA

Pegou a tela nua e nua pintou o corpo ao acaso
Deitou-se sobre o fundo alvo.
Rolou nas mais variadas direções
Imprimiu com precisão todo seu colorido.
Movimentos rápidos e lentos,
Desenharam o que lhe restava de alma.
Vestiu-se com o resultado.
Ergueu a cabeça e sorriu.
Agora estava, realmente, pronta para continuar.
Pegou carona no primeiro vento e virou à esquerda.
Sua gargalhada ficou rodopiando no eco por alguns instantes mais.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

PRETÉRITO IMPERFEITO

Havia uma trilha sonora
Havia um cenário
Havia dois protagonistas
Havia uma cena de amor
Havia, apenas havia
Havia?
Odeio a imperfeição desse pretérito!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CINZA

Estou oca, vazia de ideias e ideais.
Preciso alçar voo novamente,
Esconder-me no espelho,
Afundar na areia quente da praia,
Caminhar sobre a linha do horizonte.
Quero brincar na folha
Branca, azul, amarela, furta-cor
Fazendo-lhe cócegas com meu lápis
E terminar ardendo
Na labareda mais alaranjada que eu encontrar
Quero ser cinza
Para ter o poder do recomeço.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011