sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

OBEDIÊNCIA

Sentia a pele desprender do corpo como uma roupa frouxa. Todos os dias tentava ajustar aqui ou ali, mas não conseguia reverter o processo, apenas o precipitava. Chegaria o tempo que o tecido humano, roto e fino, iria se romper definitivamente. Já podia prever essa situação. Imaginava o momento no qual, nua em carne, deveria partir. Chorava, mas tinha certeza da sua obrigação. Cumpriria, como smpre, sem questionar...

10 comentários:

Breve Leonardo disse...

[também as palavras que se decalcam no corpo,

se fazem corpo da letra que se desfaz,
partem sem olhar os corpos que deixam para trás.]

belo e despojado momento.

Um imenso abraço, Gisa

Leonardo B.

Dilmar Gomes disse...

Este teu bem escrito texto me levou até Caio Fernando Abreu, não por semelhança de conteúdo , mas, acho que pela urdidura do tecido literário.
Um abração. Tenhas um lindo dia.

Hugo Nofx disse...

Lei da Vida.
Interessante como sempre.
beijo.

Nos Amando... disse...

sem questionar
é obedecer.
linda tarde bjs

Rogério G.V. Pereira disse...

INCREDULIDADE

Pousou a mala de todos os instrumentos, aparelhos, tubos de ensaio, pipetas e também com os químicos que lhe servia a todos os exames e análises.
O rogeriografo ficou também ai, quedado, sem ser usado para a "rogériografia" do cérebro dela. Olho-a mais uma vez, sem ser visto, e resolveu o diagnóstico a olho nu, baseado na experiência de observação sistemática de milhares de humanos... Ficou confuso, pois só os répteis mudam de pele de uma só vez, e para crescer... contraditoriamente ela mudava de trouxa não para assumir outra roupagem e enganar o predador mas para se entregar a ele em total obediência... Caso assim, nunca tinha sido avaliado por qualquer ciência. Ficou incrédulo...

Julie Sopetrán disse...

Muy bueno, Gisa, como siempre es un placer leerte. Mi cariño.

Inaie disse...

muito triste

ANTONIO CAMPILLO disse...

La obediencia puede ser necesaria pero jamás obligatoria. Si, además, es una obediencia para satisfacer una monotonía en una sola dirección, debe provocar una insatisfacción continua.

Un fuerte abrazo, Gisa.

Evandro L. Mezadri disse...

Muito bom, profundo e reflexivo.
Grande abraço e sucesso!

Moisés Augusto Gonçalves disse...

Senti a dor do não questionar...
Um abraço!