quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SHOW

A peça chegou ao final.
O pano caiu.
Todos se retiram de cena.
Apagaram-se as luzes.
Fechou-se o teatro.
Imóvel, no meio do palco escuro,
Lá permanecia ele, aguardando.
Sabia que ainda haveria uma última deixa
A qual lhe competia a pronta resposta.
Ouviu, finalmente, a gargalhada.
Alta, sonora, despudorada.
Virou-se devagar na direção do som
E deu com ela fosforescente vindo em sua direção.
Passos lentos, olhos fixos,
Coberta de mar e de conchas,
Cabelos adornados de estrelas.
Sentiu-se arder com a simples proximidade.
Abriu o peito e desarmou-se das dúvidas.
Era o que queria afinal
Não deveria mais pensar.
Respirou fundo e sorriu com a alma.
Disse a fala derradeira:
"Já vou!"
No dia seguinte, reiniciados os trabalhos
Deram por sua ausência.
Não questionaram nada e o substituíram no papel
Por outro ator mais novo.
Afinal,
O show sempre deve continuar.
Em êxtase e coberto de carícias e agrados,
Ele delirou de tanto rir...

11 comentários:

Mª LUISA ARNAIZ disse...

Hay vidas más fugaces que otras pero todo consiste en "pasar". Un abrazo.

Dilmar Gomes disse...

Rei morto, rei posto, amiga Gisa.
Um abração. Tenhas uma linda semana.

Rogério G.V. Pereira disse...

SHOW - II

Ele riu, riu, riu
Ao para de rir não a mais viu
E procurou, procurou,
Sem a encontrar
desistiu. Deixou de a procurar.
No outro dia
à hora aprazada
lá estava.
O espectáculo começou
com cena aberta
e ela contracenou,
com o actor mais novo
como só ela sabia:
a mesma fosforescência,
os passos lentos, os olhos fixos,
coberta de mar e de conchas,
e os cabelos adornados de estrelas
Esqueceu-se de si ao vê-la assim
Ao terminar o pano não caiu
e os actores abandonaram o palco
um a um, até ficar vazio...

De olhos molhados, ele metia pena
quando os enxugou no pano de cena
Era a única recordação que lhe ficaria
daquele inolvidável dia...

Rô... disse...

oi Gisa querida,

prova concreta de que
ninguém é insubstituível...
dura realidade...

beijinhos

Anne Lieri disse...

Gisa,vc tem escrito cada texto maravilhoso!Lindo e inusitado poema!bjs,

ANTONIO CAMPILLO disse...

Sí, Gisa, el espectáculo siempre debe continuar.
Quédese el teatro a oscuras o existan en él los fantasmas invisibles que cada día nos rodean.

Un fuerte abrazo, Gisa.

ELAINE disse...

Entramos e saimos da vida das pessoas, vai depender de nós se as lembranças serão boas ou não...e se levaremos algo conosco...Uma 5ªF iluminada e repleta de bênçãos! Volta sempre que quiseres e/ou puderes!Abraço fraterno e carinhoso!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
Maravilhoso acordar e encontrar sua página.
Adorei seu poema.
Grande abraço
se cuida

Especialmente Gaspas disse...

Belos textos! Parabéns! :)

Jose Manuel Iglesias Riveiro disse...

Un poema tipicamente tuyo, estraño en algún aspecto.
Pero el espectáculo tiene que seguir, y seguirá, es independiente de los actores.
Dicen que cuando las luces del escenario se apagan y queda solo y vacío, comienza otro espectáculo, el de los espíritus creados por los sentimientos, pasiones, amores y traiciones vividas sobre las tablas y no mostradas.
Un gran beso.

OceanoAzul.Sonhos disse...

Por muita dura que seja a realidade, a verdade é que ninguém é insubstituível, pena que muitas vezes não se dê o devido valor.

Como sempre, magnifico!
beijinho
cvb