O concreto rompeu.
Desfez-se qual casca,
Aos pedaços pelo entorno.
A figura translúcida surgiu
Do centro.
"Livre", pensou.
Voltou a flutuar
Como se nada nunca tivesse havido.
sábado, 31 de agosto de 2013
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
ENTRADA
Levanto a fina película
Que recobre o quadro.
Adentro na cena
Entre um piscar e outro.
Integro-me ao contexto,
Colorindo-me com os tons
Desmaiados há muito.
Assumo uma posição intermediária,
Nem tanto no foco,
Nem tanto na sombra.
Com o olhar fixo,
Convenço todos
Do meu novo papel.
Relaxo e sorrio enigmática.
Agora que entrei na história
Esbanjarei estilo...
terça-feira, 27 de agosto de 2013
ENGODO
Decidimos encerrar.
Tudo acertado,
Mãos apertadas,
Acordo selado.
Quadro perfeito...
Para os outros,
Somente para os outros,
É claro!
;)
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
RECOMEÇOS
Viu a porta fechar.
A janela escureceu
Com a cortina.
A música terminou
Deixando em suspenso
O último acorde.
O tempo encerrou.
Pronto.
Agora estava sob seu comando.
Livre voou rompendo
A névoa do desconhecido.
Recomeços são difíceis...
Mas não mais para ela,
Sabia disso.
A janela escureceu
Com a cortina.
A música terminou
Deixando em suspenso
O último acorde.
O tempo encerrou.
Pronto.
Agora estava sob seu comando.
Livre voou rompendo
A névoa do desconhecido.
Recomeços são difíceis...
Mas não mais para ela,
Sabia disso.
sábado, 24 de agosto de 2013
ROUPA DE DOMINGO: AC
AS VOLTAS DO PÃO, COM AMOR
Envolvo-me com a farinha, a água, o fermento e o sal. O acto de amassar é cerimonioso, muito longe da aparente simplicidade, herdeiro que é de memórias profundas, plenas de significado: o esforço da sementeira, da ceifa, da moenda, etapas de um ciclo transportador de todas as esperanças, com risos, temores e cautelas.
O acto de amassar não dispensa o fato das memórias. A pouco e pouco a massa rende-se à cadência cerimonial dos gestos, abrindo portas ao cimentar da dedicação e da perseverança. Cada gesto transporta a herança de mil gestos anteriores, ancestralidade feita sabedoria nas voltas do tempo.
Levedar é dar lugar à manifestação de alegria das carícias. E a massa, crente nas intenções, deixa-se moldar antes de entrar no forno, decisiva viagem sem retorno.
O amor, o sempiterno amor, carece das voltas do pão. Precisa ser feito, constantemente refeito, por vezes reinventado, mas sempre com delicada cerimónia.
O amor e o pão, feitos com entrega, serão sempre eterna bênção.
PARA-RAIOS DE DESASSOSSEGOS
A seara ondulava, obedecendo aos caprichos do vento, salpicada aqui e ali com o vermelho das papoilas. A colheita prometia fartura, e já se adivinhava o chiar do velho moinho de água, entretanto recuperado, a debitar a farinha de todos os contentamentos.
A quinta, desde que chegaram, parecia outra. As paredes da velha casa, devidamente reparadas, sustentavam agora um sólido telhado. Não era a casa de ninguém, que o conceito de propriedade estava bem definido, era a casa de todos. Ali reuniam, ali funcionava a escola, ali estavam todos os livros que trouxeram. De dinheiro não se via rasto, todos sabiam que não era nessa base que deviam construir o seu futuro. Nas reuniões procuravam esbater as diferenças, e às vezes a discussão era acalorada. Mas acabavam sempre por se entender, pois todos respiravam o sentido de partilha. O dia a dia ensinara-os, mais que a teoria, que tudo era relativo, estavam mais interessados em encontrar pontos de encontro, por mais ínfimos, que em provocar tempestades. Conviviam bem com as diferenças.
Em volta novas edificações foram surgindo. Pedra não faltava por ali, e alguns descobriram, pela primeira vez, um particular deleite na construção das paredes de xisto. Talvez fosse a ideia arreigada de estarem a começar algo, talvez fosse a ideia do cultivar do espírito de partilha. Ou ambas em simultâneo. O certo é que, a pouco e pouco, os redutos foram surgindo. Para fazer o pão, para dormir, para guardar alfaias e colheitas.
Tiago e Diana eram diferentes, a inquietação vivia neles como quem respirava. Ela acabara por partir, não resistindo às sugestões do para lá do sol-posto, mas ele ficara. Não fazia nada de especial. Ajudava a semear, mas não mondava, não moía. E falava pouco. Quando o fazia falava de angústias, de equilíbrios, de dores de alma. Estando sempre presente, o seu olhar perdia-se algures. Mas encontrava-se no voo dos pássaros. Era capaz de subir e descer montes só para acompanhar o voo de um melro, prender-se naqueles movimentos que o fascinavam. Também o contacto com as crianças o tornava mais atento, mais doce, os olhos chegavam mesmo a sorrir. Todos respeitavam aquela figura inquieta, desassossegada, sabiam que era a fronteira da sua parca segurança. Não fazendo, fazia muito, era o seu cata-vento. A sua presença lembrava-os dos limites daquele ermo, que a cadência das coisas vai muito para lá de nós. E aquele sentir, quase de forma inconsciente, irmanava-os na vontade de fazer algo por eles próprios.
Hoje, muito honrada estou com a presença deste
Querido amigo por aqui!
O AC foi um dos primeiros contatos que tive
Neste mundo da blogosfera,
Uma pessoa a quem realmente admiro
E gosto demais!
Seu cuidado blog
A todos conquista
Vale muito conferir.
Obrigada AC por este privilégio de te ter
Por aqui!
E em dose dupla!
Como podes ver sou muito indecisa...
Um bj da
Gisa
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
ESPELHO
Não tenho vergonha.
Sou impulsiva.
Faço o que eu quero,
Quando quero
Com quem quero
E como quero.
Respeito os limites dos outros,
Sempre.
Mas e comigo?
Ora, comigo sou totalmente desprovida
De qualquer barreira.
Não compreendo um não absoluto,
Ponderado, ainda vá lá,
Posso até a aceitar.
Acatar são outros quinhentos...
Desperto paixões
E ódios.
Indiferenças?
Nunca!
O meio-termo
Simplesmente
Me
DE-TES-TA!
Sou impulsiva.
Faço o que eu quero,
Quando quero
Com quem quero
E como quero.
Respeito os limites dos outros,
Sempre.
Mas e comigo?
Ora, comigo sou totalmente desprovida
De qualquer barreira.
Não compreendo um não absoluto,
Ponderado, ainda vá lá,
Posso até a aceitar.
Acatar são outros quinhentos...
Desperto paixões
E ódios.
Indiferenças?
Nunca!
O meio-termo
Simplesmente
Me
DE-TES-TA!
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
NÓS
Quando nos vemos,
Somos capazes de sentir
Todo aquele turbilhão silencioso
De gozos espontâneos e prazeres fugazes
Que sabemos, como ninguém,
Viver e calar.
Vamos do dez ao mil na fração de segundos
Em que nossas áureas se tocam
Em meio a mais absurda multidão
Despreocupadamente andante
No insosso cotidiano.
Temos segredos incofessáveis
Ao liquidificador.
Risos de palavras,
Escrito de olhares,
Cheiros de oportunidades,
Que sabemos aproveitar
Com a discrição exigida.
Formamos uma única atmosfera.
E, ainda que distantes,
Somos um,
Somos todos,
Somos alguns,
Somos nós.
Somos capazes de sentir
Todo aquele turbilhão silencioso
De gozos espontâneos e prazeres fugazes
Que sabemos, como ninguém,
Viver e calar.
Vamos do dez ao mil na fração de segundos
Em que nossas áureas se tocam
Em meio a mais absurda multidão
Despreocupadamente andante
No insosso cotidiano.
Temos segredos incofessáveis
Ao liquidificador.
Risos de palavras,
Escrito de olhares,
Cheiros de oportunidades,
Que sabemos aproveitar
Com a discrição exigida.
Formamos uma única atmosfera.
E, ainda que distantes,
Somos um,
Somos todos,
Somos alguns,
Somos nós.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
MÃE BOBA PARTE II
POIS É,
MÃE BOBA PARTE DOIS!
HOJE É A ISABEL, COM O TEXTO
"EI, MEDO!"
QUE ESTÁ PARTICIPANDO DO BLOG
'A MNHA TRAVESSA DO FERREIRA"
DO MEU QUERIDO AMIGO
HENRIQUE ANTUNES FERREIRA
CONFIRAM
HENRIQUE, MUITO OBRIGADA SEMPRE
POR TEU CARINHO!
SEMPRE GOSTO DE LEMBRAR
QUE AS MENINAS
ISABEL E VALÉRIA,
MINHAS FILHAS GÊMEAS
TAMBÉM POSSUEM UM BLOG
MUITO BEM CUIDADO
ONDE TRATAM DE MODA E
OUTRAS COISAS.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
ESCREVER
Escrevo para perder o tino,
Apesar de tino nunca ter sido meu forte.
Brinco com palavras.
Monto frases de origami.
Dedilho ideias sonoras em harpas invisíveis...
Solto todo o conjunto ao vento
E divirto-me com a forma atrapalhada que se vão.
Nunca mais os verei de novo da mesma forma.
Nunca mais serei da mesma forma.
Volto à consciência, leve.
Fecho o caderno,
Largo o lápis
E sigo dançante,
Até o próximo devaneio...
Apesar de tino nunca ter sido meu forte.
Brinco com palavras.
Monto frases de origami.
Dedilho ideias sonoras em harpas invisíveis...
Solto todo o conjunto ao vento
E divirto-me com a forma atrapalhada que se vão.
Nunca mais os verei de novo da mesma forma.
Nunca mais serei da mesma forma.
Volto à consciência, leve.
Fecho o caderno,
Largo o lápis
E sigo dançante,
Até o próximo devaneio...
sábado, 17 de agosto de 2013
ROUPA DE DOMINGO: JOSÉ NEVES ANDRADE
Hoje trago para vocês um querido amigo,
JOSÉ NEVES ANDRADE,
do blog
Tentei produzir um vídeo com alguns de seus trabalhos.
O vídeo deu certo, mas a música...
Enfim, aqui está,
Aproveitem!
Como tentei, tentei, tentei e tentei e
NÃO CONSEGUI
colocar uma música sugiro que escutem
esta aqui embaixo junto com a exibição do vídeo acima.
Acho que vai ficar bem legal.
Por outro lado, resolvi acrescentar aqui um vídeo de verdade
feito por quem entende do assunto.
O Andrade, gentilmente, me enviou este vídeo que ele mesmo fez
e está maravilhoso.
Confiram que o local é lindo!
Obrigada Andrade!
Beijos da Gisa
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
PONDERAÇÕES
Sem:
Vergonha
Medo
Hesitação
Dúvida
Com:
Determinação
Coragem
Vontade
Paixão
Sem e Com:
Consciência
Noção
Responsabilidade
Motivação
Com e Sem:
Força
Rebeldia
Foco
Pressa
Conclusão:
C-O-M-P-L-E-T-A!
UHU!
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
VIAGEM
Rasgamos a noite em nosso tapete.
No breu dos labiritos desertos
Nos perdemos conscientes.
A beleza explorada
Momento a momento
Fez da viagem um sonho.
Reingressamos nos nossos cotidianos paralelos
Com a certeza de que intersecções e tangentes
Tornam o caminho mais belo.
No breu dos labiritos desertos
Nos perdemos conscientes.
A beleza explorada
Momento a momento
Fez da viagem um sonho.
Reingressamos nos nossos cotidianos paralelos
Com a certeza de que intersecções e tangentes
Tornam o caminho mais belo.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
ARTE
Da queda surge o passo
Que, no ritmo, se transmuta em dança.
Todos aplaudem a ilusão concreta
E seguem seus caminhos.
Afinal, não há dor a se consolar
Na beleza da arte,
Dissimuladora de emoções.
Que, no ritmo, se transmuta em dança.
Todos aplaudem a ilusão concreta
E seguem seus caminhos.
Afinal, não há dor a se consolar
Na beleza da arte,
Dissimuladora de emoções.
domingo, 11 de agosto de 2013
ROUPA DE DOMINGO : ROGÉRIO PEREIRA
CAMINHOS DO MEU NAVEGAR
O
edifício onde não houve interregnos para coisas belas
Quase todas as viagens me foram impostas. Por
vezes naveguei não por dever, mas por prazer, escolhendo eu os caminhos
percorridos, mas não neste caso, pois o Brasil foi caminho imposto, por dever
de posto e de profissão. Junho de 1989, quase um mês com agenda carregada, sem
interregnos para coisas belas e condicionado pelo lema da cidade, que dá ao
paulista toda a iniciativa ("Non ducor, duco").
E assim foi, tudo sem iniciativa de Minha Alma e com total obediência do Meu
Contrário ao que estava programado…
O escritório da firma ocupava um andar elevado
num edificado estranho, cilíndrico, alto e de nome reputado (Dacon). Em cada
piso havia (pelo menos) um sorriso, talvez para compensar os olhares neutros de
quem se cruzara comigo, no percurso, curto, entre o aparthotel onde fora instalado,
praticamente ali ao lado, no “barro italiano”. Da vida da cidade não sei contar
mais do que por aí se conta e nem faltou uma abordagem mal encarada, e da qual
me sai airosamente graças a um “sangue frio” que a mim próprio surpreendeu. O
resto?, o resto foi constatar que a realidade é diferente da telenovela e que
São Paulo merecia o crédito de ser a 10ª economia mundial. Percebi-o em dezena
e meia de visitas demoradas a fábricas e empresas industriais, participando em
fóruns e conferências, tomando contacto com projetos em curso, liderados por
meus colegas brasileiros, e com a responsabilidade de estudar a metodologia
seguida e implementá-la neste lado do atlântico. E foi o que aconteceu… Devo ao
Brasil o sucesso de uma carreira e até me interrogo se o que vivi não é prenúncio
de uma possível futura inversão da história… o progresso brasileiro bem pode
vir a colonizar Portugal…
Agora, se apetece voltar? Sim, mas certamente
com outro destino… mais a sul e só com interregnos para coisas belas.
Obrigada Rogério!
Beijo da Gisa
Beijo da Gisa
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
VENTOS
Ei!
Olha aquele jardim.
Sente o aroma,
As cores.
Sim, eu sei.
Lindo,
Muito lindo.
Agora pensa,
Tu moras aqui,
Bem no meio.
Bom, não é?
Acordas pela manhã
E já vives essa atmosfera.
Agora uma coisa.
Veio um vento forte.
Arrancou as roseiras,
As azaleias acabaram,
Os amores-perfeitos foram-se.
Tudo destruído, feio, triste.
O sol volta.
O que fazes?
O que te resta fazer?
Reconstrução!
Afofas a terra,
Replantas as flores,
Reergues os caramanchões.
Voltam os pássaros e as borboletas.
Retorna a paz.
Até quando?
Ora,
Até o próximo vento,
Que deve estar vindo atrás daquela nuvem,
Logo, logo...
Olha aquele jardim.
Sente o aroma,
As cores.
Sim, eu sei.
Lindo,
Muito lindo.
Agora pensa,
Tu moras aqui,
Bem no meio.
Bom, não é?
Acordas pela manhã
E já vives essa atmosfera.
Agora uma coisa.
Veio um vento forte.
Arrancou as roseiras,
As azaleias acabaram,
Os amores-perfeitos foram-se.
Tudo destruído, feio, triste.
O sol volta.
O que fazes?
O que te resta fazer?
Reconstrução!
Afofas a terra,
Replantas as flores,
Reergues os caramanchões.
Voltam os pássaros e as borboletas.
Retorna a paz.
Até quando?
Ora,
Até o próximo vento,
Que deve estar vindo atrás daquela nuvem,
Logo, logo...
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
TRISTE
Não consigo compreender.
Penso e não entendo.
Reflito sem conclusões.
Fico aflita.
Tento, em vão,
Não procurar respostas.
Preciso delas.
Tenho medo que o silêncio me devore.
Sinto ele próximo,
Muito próximo.
Choro.
Penso e não entendo.
Reflito sem conclusões.
Fico aflita.
Tento, em vão,
Não procurar respostas.
Preciso delas.
Tenho medo que o silêncio me devore.
Sinto ele próximo,
Muito próximo.
Choro.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
OLHOS
Olhos de medo
Espreitam o escuro
Cuidando a vida
Bem sabem de quem.
Olhos de medo
Afastam o sorriso
Devoram a paz
Que não lhes faz bem.
Olhos de medo
Procuram saída
Daquela medida
Último susto.
Olhos de medo
Covardes, coitados
Não sabem escapar
Pois a luz não convém.
Olhos de medo
Cerrados prá sempre
Vão-se de mim
De volta a Salém.
Espreitam o escuro
Cuidando a vida
Bem sabem de quem.
Olhos de medo
Afastam o sorriso
Devoram a paz
Que não lhes faz bem.
Olhos de medo
Procuram saída
Daquela medida
Último susto.
Olhos de medo
Covardes, coitados
Não sabem escapar
Pois a luz não convém.
Olhos de medo
Cerrados prá sempre
Vão-se de mim
De volta a Salém.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
AVISO
Sabes ter-me nos braços,
Mesmo que a distância
Se imponha através do mar.
Dominas, totalmente, a arte
De me encantar
Seja com o vento brando dos sorrisos,
Seja com a tempestade das contestações,
Interregnos para coisas belas e mágicas.
Lanças as palavras certas
E teces, como ninguém,
Uma trama envolvente e acolhedora,
À qual rendo-me,
Sem o menor sinal de luta.
Gosto do prazer que me transmites,
Da doçura que me ofertas
E de todas as possibilidades
Que as combinações de tudo isso
Geram em mim.
Esse é o segredo que
Nossas Almas sabem,
Nossos Contrários resignam-se
E nós...?
Bem, nós viveremos na intensidade
Que nos aprouver
E nos for impossível,
Ainda que aqueles, preocupados
Com a razão de tudo,
Não compreendam.
Mesmo que a distância
Se imponha através do mar.
Dominas, totalmente, a arte
De me encantar
Seja com o vento brando dos sorrisos,
Seja com a tempestade das contestações,
Interregnos para coisas belas e mágicas.
Lanças as palavras certas
E teces, como ninguém,
Uma trama envolvente e acolhedora,
À qual rendo-me,
Sem o menor sinal de luta.
Gosto do prazer que me transmites,
Da doçura que me ofertas
E de todas as possibilidades
Que as combinações de tudo isso
Geram em mim.
Esse é o segredo que
Nossas Almas sabem,
Nossos Contrários resignam-se
E nós...?
Bem, nós viveremos na intensidade
Que nos aprouver
E nos for impossível,
Ainda que aqueles, preocupados
Com a razão de tudo,
Não compreendam.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
BEIJO
Soltou no vento um beijo.
A viagem é rápida,
Atravessa distâncias,
Mares, tempestades, caminhos...
Chega exausto na praia do outro lado.
Onde ele estará?
Ela havia lhe dito que estaria à espera...
Sentou-se a descansar.
Não deveria se preocupar.
Deveria estar chegando...
Ela não teria se enganado
Tanto...
A viagem é rápida,
Atravessa distâncias,
Mares, tempestades, caminhos...
Chega exausto na praia do outro lado.
Onde ele estará?
Ela havia lhe dito que estaria à espera...
Sentou-se a descansar.
Não deveria se preocupar.
Deveria estar chegando...
Ela não teria se enganado
Tanto...
domingo, 4 de agosto de 2013
ROUPA DE DOMINGO : ANTUNES FERREIRA
Está sentada à esquina da vida esperando, quem sabe?, a morte. Juliana tem quase 94 anos, claudica pendurada de um bordão a fingir de bengala, na boca ressequida sobram-lhe nove dentes enquistados em gengivas desmaiadas, de cor indefinida a desfazer-se em branco.
Um banco de cozinha, em madeira, serve-lhe de âncora no meio do calcetado do passeio e um gato de telhado esconso faz-lhe companhia. É um felino tão negro como vestido dela, de amores nocturnos diversos em telhados avulsos e chama-se Bolinhas. Vadio de profissão, acompanhante da velha de militante, adora peixe, mesmo com espinhas e pardais, por isso lhe chamam o céu dos pássaros, que é a barriga dele.
Juliana tem dois filhos, uma filha e quatro netos todos machos. Que não lhe ligam nenhuma. Em tempos – ela lembra-se das partidas dos três, mas não se recorda em que ano isso aconteceu – foram-se para a cidade, amanharam-se e nem novas nem mandadas. Disse-lhe a vizinha Sara (será que foi a Sara? Ou terá sido a Deolinda), que estão bem, encontrara a Julinha, com dois filhos, ela e eles aperaltados, a entrar para um carrão, num bairro fino da tal urbe.
Ontem, foram-na encontrar feita numa rodilha, de olhos esbugalhados, o xaile negro descambado, um susto, meninas, vizinhas de umbral de porta, um grande susto, disse a Deolinda no velório. Família nem vê-la. Padre só para a encomendar (para onde?).
No caixão, morta, ela está à espera da vida. Qual? Só há uma

imagem do Google
sábado, 3 de agosto de 2013
ROUPA DE DOMINGO
AMANHÃ, INAUGURO UMA NOVA FASE NO "LER, ESCREVER E VIVER"
QUE DECIDI CHAMAR DE ROUPA DE DOMINGO.
TODO DOMINGO PUBLICAREI UM TRABALHO,
UM TEXTO, UMA IMAGEM,
DE UM AMIGO COLABORADOR QUE QUEIRA
ENRIQUECER O NOSSO ESPAÇO COM A SUA PRESENÇA.
PARA INICIAR, CONTO COM UM GRANDE PARCEIRO E AMIGO,
MEU QUERIDO HENRIQUE, DO BLOG
"A MINHA TRAVESSA DO FERREIRA" A QUEM, DESDE JÁ,
AGRADEÇO TER ACOLHIDO TÃO PRONTAMENTE
A MINHA SOLICITAÇÃO.
AGUARDEM!
UM BEIJO DA
GISA
TROCA
Excita-me.
Murmura.
Sabes o que gosto.
Toca meu corpo
Com luxúria.
Vais me levar à loucura.
E, em troca,
Vou te oferecer o prazer
De veres meu
Êxtase.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
CONFISSÃO
Hoje te sonhei.
Cada momento
Que tivemos.
Os melhores instantes
Que teremos.
Aquilo que estamos
Em plena execução.
Acordei sem dormir
Adormeci sem despertar
Prisioneira da vigília
A te esperar,
Esperar,
Esperar
...
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
TRANSFORMAÇÃO
Queria leveza.
Construiu um zepelin.
Singrou os ares.
Escondeu-se nas nuvens.
Banhou-se ao sol e à lua.
Subiu mais e mais.
Virou estrela...
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