sábado, 27 de agosto de 2011

CINEMA

Quando o filme iniciou a rodar estavam de mãos dadas e a aura que os circundava era de muito amor. Beijavam-se entre um suspiro e outro, sem sequer notar que as luzes haviam se apagado e a imagem já estava projetada na tela.

Com dez minutos de sessão, passaram a comer pipocas, doces. Para tanto, tiveram que largar as mãos e parar os beijos, para melhor degustar a iguaria. Decidiram, internamente, assistir ao filme que parecia muito bom. Trocavam de quando em quando olhares românticos.

Com vinte minutos de sessão, tinham acabado as pipocas e, para continuar a doçura, passaram às balas. O filme já estava tão bom que nem se lembraram mais de sentirem o toque das mãos. Estavam tão tensos com a trama que não conseguiam tirar os olhos da tela. Os focos de atenção estavam totalmente centrados no objetivo maior: a pobre mocinha!

Com trinta minutos de sessão, as balas já haviam adoçado a alma dos dois e ambos choravam, cada um em sua poltrona, pela coitada da heroina em perigo. O filme estava tão envolvente que nem se lembravam que tinham ido com alguém ao cinema.

Com quarenta minutos de sessão, em meio a soluços, vibraram, como todos os presentes, pela reviravolta da história. A bela injustiçada finalmente havida sido salva das garras do vilão e passava bem. Que alívio!

Com cinquenta minutos de sessão ele levantou-se para ir ao banheiro e na volta não encontrou mais seu lugar, sentando-se em qualquer poltrona vaga, afinal tinha ido ao cinema para ver o filme e o lugar era o que menos interessava.

Com sessenta minutos de sessão ela sorri com o final feliz e ele pensa o quanto a atriz lhe era apetitosa.

Acenderam-se as luzes.

A sessão acabou.

Ele saiu e pegou seu carro indo para casa rápido, pois não poderia perder o futebol na televisão.

Ela saiu caminhando para casa rápido, pois tinha que ver o último capítulo da novela. Estava curiosa em saber quem teria matado aquele alegre e apaixonado casal dos primeiros capítulos.

18 comentários:

Paulo Francisco disse...

rsrs rs muito bom. Bem sacado. Adoro as suas metáforas.
um beijo grande

Dja disse...

rssss minha lindona, vc como sempre Maravilhosa.
Ahhhhhhh.


Beijos minha querida amiga poeta que adorooo tanto.
ótimo fim de semana.
se cuida.

Anônimo disse...

Eh oui, les romantiques se laissent facilement fasciner par l'écran... C'est la magie.
Bon week-end, Gisa!

Flor de Jasmim disse...

Gisa
Belo conto!!! Gostei imenso.
Beijinho bfs

Rogério G.V. Pereira disse...

Bela crónica...
Neo-realismo
com lirismo
e, ao lê-la cismo
se há
lugar para uma vida a dois
quando a vida dele e dela
é ensanduichada
entre o futebol e a telenovela.
Haver há
até um filmezito acabar com ela

Jose Manuel Iglesias Riveiro disse...

Un relato con un final triste, para mi.
Me quedo con el comienzo, los besos, las caricias y las manos juntas.
Entristezco con el final, con la posible realidad, prefiero soñar que el principio es el final de la historia.
Un beso.

Eduardo Lara Resende disse...

Muito bom, parabéns! Abraço grande.

Zé Carlos disse...

Gisa querida, obrigado pela sua visita, principalmente para que eu conheça a sua foto do Perfil.... que pena que sei que vc nunca mandará esta foto para mim em tamanho grande mas está linda DEMAIS!!!!!!!!! Eu sempre soube que vc é linda, maravilhosa, mas esta está deslumbrante....
Parabéns querida. Bjs do seu admirador maior, ZC

Sérgio Pontes disse...

Eu cá adoro cinema =)

Beijinhos

Dilmar Gomes disse...

Belo conto, amiga Gisa. Já tenho dito, mas repetirei sempre: tu escreves muito bem. Necessário que tu publiques o teu trabalho.
Um grande abraço. Tenhas um lindo fim de semana

MARILENE disse...

Que maravilha! vamos lendo e mudando nosso foco, a cada momento.

Bjs.

A.S. disse...

Gisa,

A pior das solidões é aquela que sentimos apesar de acompanhados...


Beijos!
AL

Cidinha disse...

Olá, Gisa. Passando por aqui. Belo texto. Adorei esse seu jeito de escrever! Bjos e lindo domingo!

Anônimo disse...

Rs... E que amor...!!
Beijos,

BrandNewStudio disse...

Fabuloso
BoasCriações

Cadinho RoCo disse...

Tudo tão envolvente e tão supreendente entre o escuro do cinema e a luz da realidade.
Cadinho RoCo

wcastanheira disse...

Ir ao cinema, namorar no cinema, coisas q tive a delicia de viver, hoje com tantas comodidades faz alguns anos q não vou ao cinema, le vem à minha casa, belo texto, profundo intenso, achei q iria aprofundar um pouco mais , mas a escritora tv a delicadeza de dxar para outro dia, cenas mais fortes, pra ti guria, bjos, bjos e bjossssssssssss

Hubner Braz disse...

Perfect...

Bjss

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