terça-feira, 16 de agosto de 2011
DISFARCE
O salão era maior do que poderia imaginar. Janelas, que iam do teto até o chão, estavam cobertas por pesadas cortinas de veludo vermelho que impediam a visão do exterior. O imenso lustre que pendia bem no meio do teto fazia com que a luz se lançasse por todos os cantos do espaço. Tudo brilhava. Chegou só. O vazio da amplidão fazia com que ela se sentisse menor do que era, mesmo assim mantinha seu porte altivo. O longo vestido esverdeado realçava-lhe dos olhos tons de mata. Os cabelos escuros, cuidadosamente presos no alto da cabeça, deixavam, ora aqui, ora ali, uma mecha solta conferindo-lhe leveza ao rosto. As mãos, presas nas luvas brancas até os cotovelos, davam-lhe graça aos movimentos compassados do leque que portava devido ao calor. Dirigiu-se até o centro e parou. Olhou em todas as direções, não havia mais ninguém. A música começou a verter das paredes e movimentar o denso ar do verão. Uma valsa rodopiante invadia seus ouvidos e a convidava para a dança, mas com quem? Passados alguns instantes de busca rendeu-se ao corpo que vibrava. Sentiu-se enlaçada pela cintura e passou a acompanhar os passos que pressentia. Valsou ocupando todos os vãos da sala. Girou e riu de satisfação sempre levada por um ímpeto forte de sentimentos indescritíveis. Sentia-se conduzida à distância. Sabia que ele estava ali, ainda que só conseguisse de aproximar dela novamente disfarçado de fantasma.
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10 comentários:
Very nice, great blog.
Quelles belles descriptions! Nous sommes là en plein roman. Et il est beau, ce roman. Nous aimerions le partager...
A graciosidade dela
depressa se impôs
Depois foi a doce luz
e o suave pizzicato
dos violinos
convidando à valsa
Aproximou-se e nem se admirou
que permitisse que a enlaçasse
Sorriu
Tinha acertado no disfarce
(acho que não se acabou o encanto
ainda permanecem, por lá, dançando)
O movimento da valsa parece ter-me puxado também para o centro do salão. Não vi mais ninguém...
acordei sorrido de felicidade. Um sonho lindo...
Gisa
Um disfarce que poderia ser muito bonito se real.
Beijinho
Bonito texto , amiga Gisa. Vamos parafrasear Fernando Pessoa, dizendo: sonhar é necessário.
Um grande abraço. Tenhas uma linda noite valsante.
A Gisa e suas cenas teatrais fantasmagóricas! Muito bonito! Beijos!
Olá!
Descrição de detalhes que me faz "ver" a cena, e ao final... suspirar... Prá mim isto significa que me apropriei do teu pensar, então, obrigada.
Abraço.
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