sábado, 13 de agosto de 2011

PERSONA

Era uma personagem.
Havia se autoinventado dia após dia
Resultado de um árduo trabalho de negações e consentimentos.
Ao olhar-se no espelho, se tivesse muita atenção,
Ainda conseguia ver algumas das miúdas peças do mosaico
Que meticulosamente tinha colado sobre seu corpo.
Pequenos fragmentos aos quais
O tempo ainda não tinha tido a oportunidade de maquiar.
Trabalhava, passeava, conversava, amava e chorava
Como se sempre estivesse em cena aberta.
Nada, nem ninguém, conseguia de fato a atingir.
A sua verdadeira essência estava soterrada e esquecida 
Sob todo o peso das grossas camadas de estrutura e arabescos coloridos
Que cercavam o espaço onde jazia, conformada,
O que tinha sido um dia a liberdade de escolha
Entre o ser e o parecer.



12 comentários:

Anônimo disse...

Ce n'est pas la mosaïque, aussi belle soit-elle qui donne de la valeur à un corps. Comme le vernis qui recouvre l'âme. C'est l'âme et elle seule qui fait la valeur de la personne.

Zé Carlos disse...

Beijos menina querida..... entendo seus recados como a palma da mão.

Beijos do Zé Carlos

Sam. disse...

O tempo nos molda, a sociedade nos cobra, e se atentos não estivermos, perdemos toda a nossa essência e nos transformamos naquilo que melhor convém...ao outro.

Lindíssimo texto, Gisa!
adorei!

MARILENE disse...

O "parecer" um dia acabará mostrando o "ser". Ninguém consegue se maquiar, eternamente. É sabedoria, optar pela verdade.

Bjs.

Rogério G.V. Pereira disse...

Tenho uma visão diferente
da vida. Da minha, da tua, de toda a gente
O palco onde o personagem se move
não é por ele escolhido
nem o guião,
nem o decor e o colorido
nem a encenação
Trabalhar, passear, conversar, amar e chorar
tudo acontece paracendo resultar de escolhas
Eu sem juizo nem tino
Gabo-me de enganar o destino
Mas minto-me, pois não é assim que as coisas são
(A Sam, no que disse, tem toda a razão)

Sérgio Pontes disse...

Muito giro, beijinhos

Lena disse...

Gisa
Essa dualidade um dia acaba, não há espaço para existir o SER e o PARECER simultaneamente. deixemos de fora a personagem e sejamos o que somo!
Belo texto, linda flor!
Beijo grande pra você e abraços especiais pra quem for paizão no seu núcleo familiar, pela data de amanhã. Que seu domingo seja repleto de alegrias!Feliz Dia dos Pais!

Lu Nogfer disse...

Pena ter sido uma liberdade de escolha dentro de um espaço tao pequeno:o ser e o parecer!
E pouco se restou!

Belo texto!

Que o seu domingo seja lindo!

Beijos!

CLEMENTE GERMANO MULLER disse...

Olá minha querida amiga Gisa. Texto profundo, muito útil para uma reflexão sobre o que aparentamos ser e o que realmente somos. Obrigado por me visitar. Um beijo. Tenha um ótimo domingo. FIQUE COM DEUS.

Jose Manuel Iglesias Riveiro disse...

Texto inteligente, profundo incluso hasta misterioso.
La dualidad de nuestra vida, esa dualidad en la que todos vivimos, lo que somos y hacemos y lo que de verdad nos gustaría.
Somos cobardes porque no nos atrevemos a vivir como quisiéramos y, lo hacemos como lo deciden otros y las circunstancias.
¿Porque no digo lo que quiero, a quien quiero, lo que seseo y, me conformo con lo que tengo y lo que soy?-
Un beso.

Flor de Jasmim disse...

Gisa
Excelente reflexão!!!
É entre o parecer e o ser que faz diferença, mas eu gosto de parecer aquilo que realmente sou.
Beijinho

Carlos Lira disse...

Parabéns Gisa adorei,vou passar aos amigos, meu beijo