segunda-feira, 15 de agosto de 2011

REFÉM

O homem de vermelho,
Em vestes de homem vulgar
Iluminado apenas pelo brilho do sol
Que escorria em ínfimos fios
Pelos buracos do telhado do teatro,
Entrou protestando aos brados .
Surgiu em cena resoluto, levando pela mão
Um menino de tenra idade.
O som do hino que o pequeno cantava
Confundia-se com aquele de autoria das cigarras.
Agudo e penetrante,
Ia deixando a todos zonzos
Arma essencial para chamar atenção.
Gritava o sujeito que haviam sido preteridos
E que não poderiam concordar com tamanho descaso.
Plantaram-se no meio do palco diante dos olhares atônitos da plateia tonta.
A autora, surpresa com tamanha irresignação,
Tratou logo de incluí-los na trama
Construindo um cenário digno de ambos
Assim como um texto impecável para ser desenvolvido
Pela estranha dupla recém chegada.
Sorrindo e entretidos com o desenrolar dos papeis
As duas figuras concentraram-se nas suas tarefas
Prosseguindo o espetáculo com competência.
Nos bastidores,
A autora senta-se exausta
Ainda desamassando o papel
Que já havia sido descartado minutos antes.
Deixa cair o lápis sobre a mesa.
Nunca poderia imaginar que  um dia
Seria refém das suas próprias ideias.

16 comentários:

Zé Carlos disse...

Um beijo enorme para vc Gisa, seus blogs nos encantam e quero vc somente muito feliz!!!!!!!!

Beijão do Zé Carlos

Anônimo disse...

Je pense qu'un auteur, s'il veut aller jusqu'au bout de ses fantasmes est toujours l'otage de ses propres idées.
Qu'importe! Il a réussi ce qu'il désirait. Au public de juger. Non pas l'auteur, mais le résultat de son travail!

Rô... disse...

oi Gisa,

as palavras se movem dentro
de nós,
com uma voracidade,
que temos que colocá-las
no papel,
é muito bom repartir,
idéias e sentimentos...

beijinhos

Andradarte disse...

Fez-me lembrar os actores 'ZéZé e Tony', do saudoso António Feio......
As ideias fervilham.....
Beijo

(carreteis)???

wcastanheira disse...

Uuauu passei pela sua cidae neste final de semana, fui a POVO NOVO minha linda terra natal, fazer uma visita ao meu velho PAI q repousa no reino do céu, faz 32 anos, porém é sempre bom sentir o aroma das nossas lembranças e rever a família, bela postagem, pra vc amiga bjos, bjos e bjossssssssssssssss

wcastanheira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flor de Jasmim disse...

Gisa
Que esse cenário digno perdure por muito tempo para ambos.
Beijinho

Catia Bosso disse...

Adorei....


bjsss meussss

Catita

Carla Ceres disse...

Gisa, sua ligação com o teatro é um caso sério. A dramaturgia costuma rondar seus textos. Beijos!

Rogério G.V. Pereira disse...

O verdadeiro homem de vermelho
Ficou surpreendido
Primeiro pela pronta reacção da encenação
Depois pelo texto bem ligado
e em ritmo apropriado
Uma pequena falha na estridencia do hino
cantado pelo menino
Coisa pequena
para tão bela cena
Ficou-se então
O verdadeiro homem de vermelho
pela inicial interrogação:
Quem seria o farsante
que teve tal desplante
em se fazer passar por ele?
Que oportunista era aquele?
Tanto mais que parecia ser
ele próprio, seu vestir, seu saber
O menino parecia o dele também
Sem ter pela autora qualquer desdém
pensou, pensou, e concluiu
Não foi o verdadeiro homem de vermelho
que aquela plateia espantada viu
Foi a Sua Alma que ali apareceu
e que de si próprio se desprendeu

Sorrio o verdadeiro homem de vermelho
Tinha lá estado o seu espelho

Anônimo disse...

Amei seu blog,
gosto de mais de ler tbm.
Fico feliz com sua visita, amiga.
Bjs e volte sempre!

Dilmar Gomes disse...

Querida amiga Gisa, nós, poetas, somos reféns dos sonhos e dos nossos devaneios. Um grande abraço. Tenhas uma semana lindissima.

Ricardo e Regina Calmon disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mery disse...

Gostei demais, estou seguindo, claro também estou acostumada com a escrita e leitura, sou professora...Te sigo há algum tempo. Beijos da Mery.

Marinha disse...

Amigaaa, teus textos revelam uma escritora guiada pela emoção e técnica. Muito bom mesmo, Gisa! Adorei!
Bjo, querida.

Olga disse...

You capture these nuances emotions and feelings in your words, which only a poet can express. Some moments from your poetry are so vivid that they appear before my eyes.