Todo dia pegava o mesmo novelo e tecia o mesmo tricot.
À medida que ele crescia o novelo também se refazia para que, no dia seguinte, voltasse a ser tecido.
Já tinha perdido a noção de quantos anos aquela cena se repetia
Certa vez, enfadada da interminável tarefa, parou.
Jogou o tricot em uma cesta, junto com o novelo e os guardou no sótão.
Desceu e fechou a escada jogando a chave no poço ao lado da casa.
Feliz, seguiu a vida, longe da sina tão cansativa.
Toda noite ouvia barulhos vindos do sótão lacrado.
Pareciam coisas sendo arrastadas e quebradas.
Os ratos, pensava. Virava para o lado e seguia dormindo.
E foi durante seu sono que a casa ruiu em um grande estrondo.
Morreu soterrada pensando que sonhava, quando viu o novelo, imenso, quebrar o teto e invadir seu quarto, levando a casa ao chão.
Antes de tudo, concluiu em um lampejo de lucidez que tinha incorrido em apenas um erro:
Fugiu da sua sina, mas esqueceu-se de convencê-la a não segui-la mais...
7 comentários:
Não basta se livrar materialmente mas mentalmente, também. Interessante.
Beijos,
Não, não pode ser. Não é verdade o que acabei de ler. Como pode ter tal fim quem enfrenta o destino, de vida repetida, rotineira sem jeito nem maneira? Mas a verdade aí está. Com todas as letras a dar como lição que ninguém tem competência para enfrentar a escravidão. Apenas um pequeno erro e pumba, a morte. Não merecia tal sorte... Que faço eu? Já sei, vou denunciar o texto ao blogger, como conteúdo inconveniente. É que quem cala consente e eu não consentindo este desfecho, jamais me calarei. DE repente uma luz se me fez. Não fiz nada. Fiquei olhando-a deitada. E esperei que acordasse e esquecesse o pesadelo. Entretanto, por precauçao, deitei fogo ao tal novelo.
Muito curioso este ERRO.
beijo.
Ficção extraterrestre!
Muito giro!
Bjsss
Uma breve história interessante do que o fazem pensar. Eu gosto.
Meu beijo
Lindo o que é este poema. Eu levo o chapéu de mim antes de você, parabenizá-lo com as palavras incrível que você usa.
Interessantes os teus textos Gisa.
Um beijinho
oa.s
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