quarta-feira, 8 de junho de 2011

MÁGICA

No ar giravam purpurinas em suspensão.
No centro do palco,
O único holofote dava seu espetáculo de luz.
As cortinas, rotas, de veludo vermelho
Já pálido pelos anos de serviços prestados,
Abriram-se com a mesma imponência de sempre.
Ela surge com uma capa negra de gola levantada,
Calças justas e camisa branca.
Na cabeça, a velha cartola meio castigada pelo uso.
Todos aplaudem e aguardam o início da apresentação.
Entre mil voltas com a varinha e inúmeras expressões enigmáticas,
Começa tirando lenços, pombas e coelhos da cartola,
Intercalados apenas pelas palmas e gritos da plateia.
Leva o espetáculo até o final, agradece e sai de cena.
Fecham-se as cortinas.
Apagam-se as luzes.
A plateia se retira.
Ela senta-se e tira a máscara, que já estava iniciando a lhe incomodar,
Livra-se da fantasia que lhe apertava as asas.
Respira fundo e lança-se aos ares,
Em um voo sereno de puras sensações
Mira o horizonte e acelera o mais que pode.
Precisa recarregar suas energias
Antes do próximo show.

14 comentários:

Paulo Francisco disse...

É, às vezes cansa tanta interpretaççao. O melhor mesmo é tirar a máscara da cara e, da cartola, somente a pomba da liberdade.
Um beijo grande

Anônimo disse...

Le spectacle arrive et la magie nous envahit. Une seconde vie commence. On est enfants. Le rêve. Puis, quand c'est fini, on retourne à sa vie, à ses ennuis. Le miracle du spectacle, c'est de pouvoir nous faire tout oublier.
J'espère que malgré notre époque égoïste et blasée, le spectacle continuera toujours. Nous en avons bien besoin.

Andradarte disse...

Respira fundo e lança-se aos ??????
Inigmático..Lã se vai mais um neurónio...
Beijo

Rogério G.V. Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rogério G.V. Pereira disse...

Inquieto espera
o inicio do espectáculo
Sentado, na primeira fila
voltou-se para se certificar
se naquele dia a sala ia esgotar
Estava cheia a plateia
Pareciam os mesmos que tinham
estado na última sessão, no dia anterior
Confirmou. Eram, sem tirar nem pôr

As luzes reduziram de intensidade
eu ele aumentou a sua ansiedade
até ela aparecer
no cento do palco
iluminada
Olhava-a embevecido, sem ver mais nada
Nem as calças justas, nem a camisa branca
Nem a capa negra, nem a gola levantada,
Nem mesmo a varinha que sabia que empunhava
Pois era em sua expressão enigmática
que ele toda a atenção dava
Não se concentrou
em qualquer magia
das muitas que ela ali operou
Percebeu que o final tinha chegado
por as cortinas se terem fechado
e as luzes apagado
e todos terem saído
Ficou só
prostado
permanecendo sentado
Seu rosto tinha um brilho
Revelando que permanecia
na esperança que repetidamente
não o abandonava
Mas ainda não foi dessa vez que ela o viu
Não foi dessa vez que para ele, ela sorriu
Talvez isso venha a acontecer
já no próximo show
E foi com esse pensamento que por ali ficou

OceanoAzul.Sonhos disse...

E em voo sereno, livremente bebe sensações, é ela mesma, sem máscara.
Belíssimo texto.
beijinho
oa.s

Jose Manuel Iglesias Riveiro disse...

Hermoso texto, la rutina, el trabajo monotono y siempre cansino, la ilusión perdida, la falta de alicientes, ese cansancio antiguo, viejo, arraigado ya momo un mal crónico, la mascara para el publico. El ocaso de la vida y la muerte de la última ilusión.
espero que esto no sea lo que tu sientes, te mereces toda la felicidad del mundo y espero que la disfrutes.
Un beso.

Gisa disse...

Enquanto voava rumo ao horizonte banhando-se no máximo de energia que poderia encontrar, sorria, lembrando-se dele. Toda noite, ali na primeira fila, com o rosto iluminado. Tinha certeza que às mágicas não dava atenção. Tinha convicção que o motivo que o trazia repetidamente sessão após sessão era outro. Circundava nuvens, dava rasantes e ascensões abruptas, piruetas no ar... Estava feliz de tê-lo por perto a observar. Melhor que não percebesse o quanto lhe ansiava, o quanto lhe queria e o quanto o show não se encerrava, nem nunca se encerraria, por sua única e exclusiva causa...

2edoissao5 disse...

nesse palco da vida as vezes temos que vestir uma fantasia para sobreviver!

Sandra Subtil disse...

E o que é a vida senão um palco de sonhos?
beijinho

Lufe disse...

Sento-me sempre à primeira fila, observando encantado como a cada show você transforma simples atos em verdadeira magica.

bjoca

Anônimo disse...

A pesar de tu nostalgia, creo que sí, que tú eres mágica Gisa y tu poesía lo manifiesta. Besos, amiga, Julie

Carla Ceres disse...

Taí um personagem interessante prum conto! Beijos!

Jean-Philippe Verselin disse...

Bonjour Gisa,
que j'aime regarder un spectacle, c'est toujours magique et féerique lorsqu'il arrive à nous emporter... une fois les rideaux tirés, je suis toujours un peu comme un enfant à en redemander. Bises