Jogou-o no quarto de espelhos e lacrou a porta.
Sentou-se apreensiva na poltrona de veludo vermelha e ligou a tela
Ficou, por longo tempo, observando o desespero que o acometia
Quando percebia que cada reflexo seu
Continha a estampa de uma das suas múltiplas máscaras.
Conferiu, entre lágrimas, a ordem em que os espelhos iam sendo quebrados,
Nas vãs tentativas de encontrar a saída.
Sorriu ao constatar que havia sido preservado intacto apenas um
Justamente aquele que haviam imaginado desde o início.
Levantou-se e abriu a porta
Beijou-o nos olhos e cobriu-o com seu corpo
Estava muito feliz por tê-lo podido ajudar.
Às vezes, o auto-conhecimento é um caminho difícil de se percorrer sozinho.
9 comentários:
Sentiu-se jogado
herméticamente fechado
no quarto de espelhos
Imaginou-a possessiva esperando
seu retratamento e a tentativa de fuga
Simulou desespero e a procura da saída
e de seguida
a um e um os espelhos ia partindo
Ao terceiro esgueirou-se ágil por um estilhaço
ocupando o seu reflexo o vaziu espaço
Respirou aliviado e já de longe,
viu no cenário deixado
ela abrir a porta
e beijar nos olhos essa outra dimensão de si
sem se dar conta da ausencia do corpo dele
Ela parecia ser tão feliz...
Às vezes, a auto-satisfação
é um caminho pleno de ilusão
Voyage, voyage ...
parfois les chemins de vie sont si compliqués !
amitié, je t'embrasse mon amie Gisa
...é preciso não desistir logo à primeira....
Beijo
Quem fornece espelhos para promover o autoconhecimento alheio faz muito bem em ficar de longe. Estilhaços ferem. Beijos!
Ainda outro grande post, eu sempre estou tão impressionado com a qualidade da escrita.
muito difícil... encarar um espelho é uma boa alternativa!
=)
bjsmeus
Carla Ceres definiu bem a questão.
Tem que valer a pena e ser feito com muito equilibrio, desprendimento e amor.
Estilhaços doem, desequilibram, ferem.....
bjoca
Há tarefas árduas, de facto. Elas tornam-se mais leves quando partilhadas.
Beijo
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