quarta-feira, 14 de setembro de 2011

REMENDOS

Olho em silêncio pelo vidro.
Minha respiração tenta disfarçar
Embaçando a imagem que existe do outro lado
No afã de proteger-me contra o inevitável.
Insisto limpando a superfície com a manga da blusa.
Quero ver, preciso, só isso.
Tenho que ter certeza que não retornará mais.
Convenço-me do inevitável quando vislumbro,
Ao longe, a silhueta afastando-se, determinada.
Foi-se para sempre concluo.
Corro e pego a caixa de costura.
Agulha, linha e dedal.
Preciso cerzir,
Com urgência,
O rasgo que me sobrou na alma
E seguir o meu caminho
Remendada, sim,
Mas acreditando
Que ainda há a possibilidade
De ser feliz..

15 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Não tenhas duvidas
A felicidade
resulta
da canseira
de mão cerzideira
consendo
remendo a remendo
a vida inteira

A silhueta afastava-se?
Determinada?
Tens mesmo a certeza?
Não estarás enganada?

Mª LUISA ARNAIZ disse...

Me ha gustado enormemente lo que sugiere el poema.

Flor de Jasmim disse...

Fazer tudo para ser feliz, mas nunca deixar de acreditar.
Beijinho

Palavras disse...

Por mais remendada que esteja a alma,
Sempre haverá novas possibilidades de ser feliz!

Abraços

Leila Rodrigues

Eva Gonçalves disse...

A vida continua mesmo se alma foi remendada... e a possibilidade de ser feliz existe sempre... espero que acredites sempre nisso e não te deixes amargurar e soldar a alma definitivamente... Beijinhos

ANTONIO CAMPILLO disse...

Los remiendos, si están bien hechos, no se pueden distinguir del tejido original. Sólo sabe que no es igual quien lo lleva en el alma, quien ha tenido que reparar urgentemente un roto ajeno, quien quiere seguir viviendo con alegría.

Lo sugerido en el poema es muy bello.

Un fuerte abrazo, Gisa.

Julie Sopetrán disse...

Hola Gisa, de nuevo leyendo tus versos...
Hermosos, como siempre. Besos.

VeraBruxa disse...

Olá!
Em 56 anos tenho gasto vários carretéis de linha...já virou uma colcha de retalhos...que serve para aquecer meu viver, teimosa em recomeçar.
Abraço costurado.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Como sempre o que escreves toca-me profundamente e hoje este poema falou de tantas de nós, que por vezes somos apenas retalhos.

Deixo um beijinho e agradeço o carinho que me deixas em cada visita.

Rosa

Misturação - Ana Karla disse...

Oi Gisa, estou apreciando sem remendos.
Xeros

Anônimo disse...

La vie est une succession de moments. Et souvent, les moments heureux reviennent quand on ne les attend pas.
Bonne journée, Gisa!

2edoissao5 disse...

a vida é assim, uma colcha de retalhos, remendados, que juntos tem um beleza imensa!

Humberto Dib disse...

Minha querida Gisa, quem é que não tem um ou vários remendos? Mas, mesmo assim, continuamos a viver... e felizes, por que não?
Um bj enorme.
HD

Carla Ceres disse...

A gente até vive melhor, quando remenda a alma com retalhos de poesia. Beijos!

OceanoAzul.Sonhos disse...

Gisa, tocante e real. Remendemos a alma e sigamos em frente.

Um beijo amiga
oa.s