sábado, 30 de abril de 2011

PINTURA

Costumava brincar na linha do horizonte.
Rolava de ponta a ponta
Deixando seus cabelos cobrirem-se com as cores do caminho
Dissolvia-se na paisagem aquosa para reaparecer ora no céu, ora na terra
Fazia-se grande, concretizava-se pequena,
Tinha rosto e não tinha expressão.
E assim, à mercê dos caprichos do pintor, submetia-se
A uma divertida indefinição do existir.

17 comentários:

meus instantes e momentos disse...

muito bom esse teu jeito bonito de brincar com as palavras.
Gostei.
Maurizio

Rogério G.V. Pereira disse...

Criativo
Vingativo
O pintor não aceitou
que o retrato
ficasse feliz
com a indefinição
do rosto.
A seu gosto
deu-lhe um sorriso azul
Não gostou
e outro sorriso pintou
cor de violeta
Voltou a não gostar
Voltou outra cor a experimentar
e outra após outra sem se cansar
Até que terminou em tremenda fúria
e acabou
por borrar
toda a pintura

Marinha disse...

Ter rosto e não ter expressão... triste isso!
Amiga, teu texto é um prazer renovado a cada leitura!
Bjooo

Cristiane disse...

Que lindo, Gisa! Eu imaginei cada traço dessas linhas de expressão! Bjs e bom fds.

megi disse...

As maneiras as mulheres são completamente diferentes.O movimento das mulheres através dos retratos.
kisses

Vera Lúcia disse...

Interessante a expressão "divertida indefinição do existir".
Ótimo fim de semana.
Bejim.

OceanoAzul.Sonhos disse...

Na indefinição do ser e à mercê das cores da vida preenchemos a nossa tela.
Bela pintura Gisa.
bjs
oa.s

Catia Bosso disse...

Na indefinição do 'não ser' as vestes d'alma me são intangíveis,
Não ser, Não querer, Não ter!
Tudo procede ao 'nunca ser'
Alcovas de um ser 'não sendo',
Ditames de um vazio 'não aparecendo'.
Um luto de ser o que não se quer ser.

Amiga, adorei suas palavras e não resisti...deixei as minhas pra vc...

bj.

Andradarte disse...

A imaginação do pintor, em plena
actuação....
Beijo

Breve Leonardo disse...

[no tanto horizonte, em cada traço de caminho, um olhar por inventar, nunca definitivo, nunca provisório... o horizonte, esse grande inventário do nosso olhar]

um imenso abraço, Gisa

Leonardo B.

Lourisvaldo Santana disse...

Abstracionismo empolgante, intrigante. Muito bom!
Abraços!

Luis Eustáquio Soares disse...

"uma divertida indefinição de existir", de insistir, de resistir, de persistir, de pintar o sete na alegria de sentir, sorrir, viajar, e não desistir e, sem partido, pra linha do horizonte, partir....
belo poema
b
de la mancha

Anônimo disse...

Muy creativo. Una estampa deliciosa.
Abrazos.

Arnoldo Pimentel disse...

Brincar na linha do horizonte é brincar no infinito interior que existe em nós mesmos.Lindo texto.Beijos

Zé Carlos disse...

Gisa querida vc sabe o quanto é boa em poemas.
Lindo domingo.

Beijão do ZC

Anônimo disse...

Esse tipo de existência indefinida, muitas vezes é muito interessante...

Beijo!

Sérgio Pontes disse...

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