terça-feira, 20 de março de 2012

SILÊNCIO

Quando açoitou o último pensamento vazio
Expulsando-o para sempre de sua mente,
Percebeu o som do primeiro tambor.
O barulho compassado e surdo
Fazia a noite tremer sua capa de estrelas
Apagando-as uma a uma como se lamparinas fossem.
A lua dissimulava seu brilho
No biombo das nuvens negras
Que acomodara meticulosamente a sua volta.
O segundo tambor rompeu o ar para acompanhar o primeiro.
Os animais, acuados, procuravam cavernas.
As árvores tentavam escorregar para dentro da terra,
Puxadas pelas fortes raízes.
Tudo assumia o movimento contrário
Buscando a fuga imediata.
O som do terceiro tambor,
Que entrava no compasso dos seus companheiros,
Encontrou-a só na clareira em meio ao nada.
Tremia de medo e audácia.
Não estava pronta,
Mas como jamais estaria,
Deixou-se ficar.
Cabelos soltos, alma disposta, consciência alerta.
Figuras obscuras faziam-se sentir por todo seu corpo.
Os pontos de energia nasciam, ora aqui, ora ali
Tecendo uma rede que a prendia e deliciava.
Amarrada por completo e sem vontade de fugir
Foi capturada sem lutas.
O cavaleiro das três figuras sorriu e calou seus tambores.
A partir daquele momento só precisaria do silêncio.
O mais completo e absoluto silêncio.

10 comentários:

Mª LUISA ARNAIZ disse...

Del ruido del tambor al silencio ¡qué abismo! Un abrazo.

Carla Ceres disse...

Parece uma viagem xamânica, Gisa. Muito bonito! Beijos!

Rogério G.V. Pereira disse...

O silêncio absoluto
é a antecâmara do nada
do vazio
do abismo
Sei que julgas ser necessário isso
por pura ignorância
Vou voltar a rufar baixinho
os três tambores a compasso
e, se for caso disso, aumentar
esse rufar
até que o êxtase se faça
na clareira dessa praça

La sonrisa de Hiperion disse...

Siempre estupenda Gisa, un placer haberme pasado por tu casa.

Saludos y un abrazo.

ANTONIO CAMPILLO disse...

Sonoros sonidos del silencio.
Todo queda en suspenso cuando sus largos dedos se extienden en la noche. Al ordenar que dejen de vibrar las pieles tersas, el silencio domina el espacio. Silencio.

Un fuerte abrazo, querida Gisa.

Flor de Jasmim disse...

Gisa
Intenso! Será que alguma vez se está pronta.

Feliz noite (já que o dia terminou) de nós blogueiros.

Beijinho e uma flor

Escritora de Artes disse...

Silêncio absoluto...lindo!

Bjos

Rô... disse...

oi Gisa,

adoraria saber escrever com
essa profundidade...
lindo demais...

beijinhos

Rô... disse...

oi Gisa,

adoraria saber escrever com
essa profundidade...
lindo demais...

beijinhos

OceanoAzul.Sonhos disse...

Por vezes o silencio faz falta...

Excecional teu texto.
bjs Gisa
cvb